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Terrorismo: Moçambique regista a maior redução de vítimas e Sahel é epicentro mundial


Deslocados de Quitunda, Palma, Cabo Delgado, assistidos por VAMOZ, Moçambique
Deslocados de Quitunda, Palma, Cabo Delgado, assistidos por VAMOZ, Moçambique

O Índice Global de Terrorismo (GTI, nas siglas em inglês) de 2022, divulgado nesta quarta-feira, 2, pelo Instituto para Economia e Paz (IEP), com sede em Sydney, na Austrália, revela que a África Subsaariana emerge como epicentro global do terrorismo, à medida que as mortes globais diminuem.

Moçambique é apontado como o país que registou a maior queda de vítimas do terrorismo em 2021.

Apesar dos ataques terroristas terem aumentado a nível global, para 5.226, as mortes tiveram um ligeiro declínio de 1,2%.

No entanto, o cenário pode mudar neste ano com o conflito na Ucrânia que “deverá impulsionar um aumento do terrorismo tradicional e cibernético, retrocedendo as melhorias anteriores na região”, segundo o documento.

Jamaat Nusrat Al-Islam wal Muslimeen, grupo que mais cresce

A África Subsaariana foi responsável por 48% das mortes globais por terrorismo, com o Sahel a abrigar os grupos terroristas de “crescimento mais rápido do mundo” e que mais vítimas mortais provocaram.

O GTI 2022 revela que o Estado Islâmico (EI) ocupou a posição do Talibã como o grupo terrorista mais mortal do mundo em 2021, com uma média de 15 mortes por ataque no Níger.

O grupo Jamaat Nusrat Al-Islam wal Muslimeen, que opera no Sahel, é a organização terrorista que mais cresce no mundo e foi responsável por 351 mortes em 2021, um aumento de 69%.

Nota positiva para Moçambique, o país que registou a mais brusca redução de mortos por terrorismo, 82 por cento, a taxa mais baixa desde 2017.

“O sucesso foi em grande parte impulsionado por operações de contra-insurgência contra o EI pelas forças moçambicanas, com o apoio de Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral”, concluiu o documento.

Em 2021, ainda se acordo com o GTI, as mortes devido ao radicalismo violento caíram 1,2%, para 7.142, enquanto os ataques aumentaram 17%.

“Dois terços dos países não registaram ataques ou mortes por terrorismo – o melhor resultado desde 2007 – enquanto 86 países tiveram uma melhoria na pontuação”, lê-se no documento.

O relatório diz que “o terrorismo continua a ser uma ameaça grave, com a África Subsaariana a responder por 48% do total global de mortes por terrorismo”

Quatro entre os 10 países com o maior aumento de mortes por terrorismo também estão na África Subsaariana: Níger, Mali, República Democrática do Congo e Burkina Faso.

Estado Islâmico aposta em África

O levantamento do IEP aponta que após derrotas militares na Síria e no Iraque, o EI voltou a sua atenção para o Sahel, “com o número de mortes por terrorismo a aumentar 10 vezes na região desde 2007”.

Por isso, “o Sahel tornou-se o novo epicentro do terrorismo”.

“O terrorismo na região é agravado pelo alto crescimento populacional, escassez de água e alimentos adequados, mudanças climáticas e governos deficientes”, diz o relatório, alertando que “para aumentar a complexidade, muitas organizações criminosas apresentam-se como insurgências islâmicas.”

Outra nota positiva aponta para a redução das actividades do Boko Haram, que protagonizou apenas 64 ataques em 2021.

Mianmar teve o maior aumento no índice de terrorismo, com a quantidade de mortes aumentando 20 vezes para 521 ocorrências em 2021.

O terrorismo no Ocidente diminuiu substancialmente, com uma redução de 68% dos ataques.

Os Estados Unidos registaram sua pontuação mais baixa desde 2012.

A região do Oriente Médio e Norte da África (MENA) melhorou substancialmente, subindo dois lugares em relação à região menos pacífica em 2018.

Steve Killelea, fundador e presidente executivo do IEP, disse que "o terrorismo está mais concentrado em zonas de conflito, sustentado por governos deficientes e instabilidade política, enquanto na Europa e nos EUA o terrorismo de motivação política ultrapassou os ataques de motivação religiosa”.

O Índice utiliza uma série de factores para calcular sua pontuação, incluindo o número de incidentes, mortes, feridos e reféns, que são combinados com dados socioeconómicos e de conflito para oferecer um quadro holístico do terrorismo.

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