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Túmulos de crianças profanados em Manica


Moradores de Manica falam em "zanga espiritual"
Moradores de Manica falam em "zanga espiritual"

Cerca de 50 túmulos de crianças foram profanados “misteriosamente” num cemitério tradicional em Chimoio, na província moçambicana de Manica, acção supostamente motivada por uma “zanga espiritual”, disseram nesta terça-feira, 26, várias fontes à VOA.

No cemitério de Manhama, no bairro Trangapasso, vários túmulos estão profanados, as campas reviradas, os cadáveres, apenas de crianças, desaparecidos, e as vestes dos falecidos espalhados nas redondezas.

O incidente mais recente registou-se na madrugada de segunda-feira, 25, quando três túmulos foram encontrados profanados – num cenário que se prolonga há três meses – deixando “perplexa e indignada” a população que ainda não tem explicação para o mistério.

“Nós estamos a estudar esta situação (da profanação dos túmulos)”, disse Abreu Alface, um líder do bairro Trangapasso, adiantando que como primeira medida, as autoridades tradicionais vão criar uma ala infantil para separar o enterro de adultos e menores naquele cemitérios.

Para Abreu Alface, a mistura de enterro de nados-mortos, resultantes de abortos, crianças e adultos, pode estar a “provocar uma zanga dos espíritos”, uma vez estar a contrariar os princípios tradicionais do cemitério.

“Outros disseram que são cães porque estão a ser vistas patas”, precisou Abreu Alface, adiantando, contudo, que a par das medidas, foi feita uma cerimónia tradicional no cemitério para evocar os espíritos, no sentido de desvendar o mistério e “ver se vai melhorar”.

“Algumas pessoas disseram que são cães (que profanam túmulos), mas eu nunca vi os cães aqui”, disse um zelador do cemitério de Manhama, nome dado em tributo ao regulo fundador do cemitério, salientando que as profanações no cemitério resultam da “falta de respeito as tradições” dos enterros.

“O que me admira é que os cadáveres são carregados por inteiro, não resta nem um só osso”, aclarou Alface.

Entretanto, Rogério Joaquim, um morador de Trangapasso, descreveu o cenário sucessivo de profanação de túmulos como “muito preocupante”, esperando que as cerimónias tradicionais, recentemente realizadas no local, venham “salvar” a população.

As autoridades policiais de Manica já relacionaram vários casos de exumação e roubo de cadáveres, sobretudo de crianças, em cemitérios tradicionais, ao canibalismo e a rituais satânicos, com ossadas humanas, para enriquecimentos ilícitos.

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