Com subornos para matrículas e avisos da falta de milhares de professores, arrancou o ano lectivo em Angola, um cenário que se repete anualmente, segundo pais, encarregados de educação e estudantes.
Os primeiros queixam-se das dificuldades que têm para matricular os seus educandos por falta de escolas e afirmam serem alvo de pedidos de suborno para poderem matricular os filhos.
De 50 mil a 120 mil kwanzas (cerca de 80 a 120 dólares) é o valor que se paga para conseguir uma vaga em institutos públicos de nível médio em Luanda.
Chissua Tembo, mãe de uma estudante, disse que lhe pediram 100 mil kwanzas para matricular a filha.
“Tenho a minha filha, estudou no Kilamba, 9ª Classe, tem agora de estudar 10ª classe, fui para matricular e não consegui, estão a pedir-me 100 mil kwanzas por não conseguir, vai ficar sem estudar”, disse.
Alberto Cambange, outro pai, afirma que teve mesmo de pagar para poder matricular a sua filha.
“Não tinha lugar suficiente, só por isso recorri ao termo mais fácil, ou seja, através da gasosa consegui matricular a minha filha”, contou.
Outros disseram que recorreram a escolas privadas para poder matricular os filhos, algo que contribui para o agravamento da sua situação económica
MEA pede intervenção de João Lourenço
Entretanto, o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) pede intervenção do chefe de Estado pelo facto de não haver mudança a nível do ensino.
“Temos assistido à comercialização do ensino e um número crescente de crianças está fora do sistema de ensino”, lamenta Francisco Teixeira.
Déficit de professores
Por outro lado, Ademar Ginguma, secretário-Geral do Sindicato Nacional dos Professores (Sinprof), diz que existe no país um défice de dezenas de milhares de professores que vai aumentando todos os anos.
“Continuamos a ter no sistema um défice de 75 mil professores", afirmou.