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Somália insiste que a Etiópia não deve fazer parte da nova missão da UA


Ministro da Defesa da Somália, Abdulkadir Mohamed Nur.
Ministro da Defesa da Somália, Abdulkadir Mohamed Nur.

Somália e Etiópia continuam num impasse relativamente a um memorando de entendimento que a Etiópia assinou com a região separatista da Somalilândia

Um alto funcionário somali insistiu no sábado que a Etiópia não participará numa nova missão de manutenção da paz da União Africana (UA) que terá início em janeiro.
As duas nações continuam num impasse relativamente a um Memorando de Entendimento que a Etiópia assinou com a região separatista, a Somalilândia, no início deste ano.

“Posso dizer que a Etiópia é o único governo que conhecemos até agora que não participará na nova missão da UA porque violou a nossa soberania e unidade nacional”, disse o ministro da Defesa da Somália, Abdulkadir Mohamed Nur, numa entrevista à televisão estatal.

As tropas da União Africana de vários países estão a operar na Somália desde 2007. Começaram com a Missão da União Africana na Somália (AMISOM) antes de mudar a missão e o seu nome em 1 de abril de 2022, para a Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS). O seu mandato termina no final deste ano.

Durante 17 anos, a missão da União Africana ajudou a Somália a combater o Al-Shabab, uma organização extremista violenta que ameaçava derrubar o governo e impor uma interpretação estrita da lei islâmica.

O objetivo das missões passadas e futuras é entregar a responsabilidade pela segurança às Forças Nacionais da Somália.

A nação está a preparar-se para uma terceira operação de apoio à paz, com início previsto para 1 de janeiro de 2025, quando uma nova missão, a Missão de Apoio da União Africana na Somália (AUSSOM), substituir a ATMIS.

De acordo com um relatório das Nações Unidas de agosto, a ATMIS tem vindo a reduzir as suas tropas de cerca de 20.000 para menos de 13.000. Prevê-se que a nova missão tenha pelo menos 12.000 efetivos. A AUSSOM deverá funcionar até ao final de 2028.
Não é a primeira vez que a Somália rejeita o envolvimento de tropas etíopes numa missão de manutenção da paz no país.

Em agosto, o primeiro-ministro da Somália, Hamza Abdi Barre, afirmou que as forças etíopes só se juntariam à AUSSOM quando Adis Abeba se retirasse do memorando de entendimento com a Somalilândia.

Mogadíscio, que considera a Somalilândia uma parte da Somália, descreveu o acordo como um ataque à sua soberania e integridade territorial.

Analistas afirmam que os repetidos pedidos da Somália para que a Etiópia se retire do Memorando de Entendimento caíram em saco-roto, o que afasta ainda mais a Somália.

O professor Sonkor Geyre, ex-diretor do Ministério da Defesa, disse que a Somália tem o direito de escolher os países que deseja e rejeitar outros.

“A Somália tem direitos soberanos nacionais para excluir a Etiópia da próxima missão da UA porque vê as ações da Etiópia, incluindo o seu MoU com a Somalilândia, como uma ameaça nacional”, disse Geyre à VOA Somali.

No mês passado, os líderes da Somália, Eritreia e Egito assinaram um acordo de cooperação em matéria de segurança visto como uma frente anti-Etiópia, e Mogadíscio também reforçou os seus laços militares com o Cairo, que ofereceu tropas para a nova missão da UA.

“Há um procedimento em curso que partilharemos e anunciaremos quando chegar a altura, relativamente aos novos governos que irão aderir e aos anteriores que não farão parte da nova missão”, disse Nur, o ministro da Defesa.

No âmbito da atual missão da UA, pelo menos 3.000 soldados etíopes operam oficialmente como parte de uma missão de manutenção da paz da União Africana que combate o Al-Shabab. Outros 5.000 a 7.000 soldados etíopes estão estacionados em várias regiões ao abrigo de um acordo bilateral.

Outros países que contribuem para as atuais forças da UA na Somália são o Burundi, o Djibuti, o Quénia e o Uganda.

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