Enquanto o julgamento sumário de cerca de 100 activistas e políticos detidos no sábado em Luanda foi adiado para amanhã, os seis jornalistas também presos quando cobriam a manifestação foram colocados em liberdade, sem qualquer acusação.
A libertação dos três jornalistas da Rádio Essencial, e seu motorista, dois profissionais da TV Zimbo e um da agência AFP teve a intervenção do ministro das Telecomunicações da Comunicação Social, Manuel Homem, de acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), que agradeceu a prestação do governante.
Numa declaração, Teixeira Cândido apontou o dedo à actuação da Polícia Nacional (PN), que “prestou, mais uma vez, um mau exemplo para uma instituição que se quer republicana e ao serviço dos cidadãos”.
A prisão daqueles profissionais, para o SJA, “traduz-se não apenas no desrespeito pela profissão de jornalistas, mas também da própria Constituição da República de Angola, que investe a Polícia Nacional de utilidade pública para garantir a ordem e proteger os cidadãos”.
O SJA também desafia a corporação “a justificar o comportamento reiterado de atropelos e ofensas ao direito dos jornalistas de exercerem a liberdade de imprensa à luz da lei, direito este garantido pela Constitução da República de Angola”.
Para a classe dos jornalistas, ainda segundo Teixeira Cândido, “as sucessivas e arbitrárias detenções contra jornalistas no exercício das suas funções, como aconteceu no último final-de-semana, retira à Polícia Nacional a autoridade moral de reclamar dos cidadãos o respeito às leis do país”.
O SJA faz também um apelo à sociedade angolana a “cessar com as ameaças à integridade física dos jornalistas da Televisão Pública de Angola, apesar de reconhecer que a sociedade tem o direito de exigir um jornalismo plural e de qualidade”.
Três dos seis profissionais estiveram detidos por mais de 48 anos e os demais por um tempo menor.
O repórter de imagem da TV Zimbo foi obrigado a apagar as imagens captadas durante os confrontos entre a PN e os manifestantes.