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Relatório do Governo americano aponta para limpeza étnica no Tigray


Arsema Berha, de nove anos de idade, ferida, recebe assistência num hispital, 25 Fevereiro 2021
Arsema Berha, de nove anos de idade, ferida, recebe assistência num hispital, 25 Fevereiro 2021

Documento acusa Governo da Etiópia e pede medidas da comunidade internacional

Um relatório da Administração americana revela que o Governo da Etiópia conduz "uma campanha sistemática de limpeza étnica" sob o manto da guerra na região de Tigray, amplamente controlada pelas milícias Amhara no norte do país.

O New York Times, que teve acesso ao documento elaborado no início de Fevereiro, diz que o relatório descreve "em termos rígidos uma terra de casas saqueadas e vilas desertas, onde dezenas de milhares de pessoas estão desaparecidas".

O mesmo jornal acrescenta que o relatório conclui que oficiais etíopes e milicianos aliados da região vizinha de Amhara, que se mudaram para Tigray em apoio ao primeiro-ministro Abiy Ahmed, estão "deliberadamente e eficientemente tornando Tigray Ocidental etnicamente homogéneo através do uso organizado da força e intimidação”.

O documento afirma que algumas pessoas fugiram para o mato ou cruzaram ilegalmente para o Sudão, enquanto outras foram presas e realojadas à força noutras partes de Tigray.

Secretário de Estado pede acções

No sábado, 27, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos estão "seriamente preocupados com relatos de atrocidades e a deterioração geral da situação em Tigray".

Os EUA “repetidamente engajaram o Governo etíope sobre a importância de acabar com a violência, garantir o acesso humanitário desimpedido ao Tigray e permitir uma investigação internacional completa e independente de todos os relatos de violações, abusos e atrocidades dos direitos humanos”, disse Blinken, acrescentando que os responsáveis por eles "devem ser responsabilizados".

O chefe da diplomacia americana apelou à União Africana e aos parceiros regionais e internacionais a trabalharem com os EUA para "enfrentar a crise no Tigray, inclusive através de acções na ONU e noutros órgãos relevantes."

Blinken sublinhou ainda que a “retirada imediata das forças da Eritreia e das forças regionais de Amhara de Tigray são os primeiros passos essnciais" a tomar pelo Governo, acompanhados de “declarações unilaterais de cessação das hostilidades por todas as partes no conflito e um compromisso de permitir a entrega livre de assistência às pessoas em Tigray".

O líder republicano no Comité de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes, Michael McCaul, também emitiu uma declaração no sábado, no qual insta o Governo de Joe Biden "a tomar medidas decisivas para responsabilizar os responsáveis por quaisquer atrocidades cometidas" na região de Tigray.

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