Produtores de sal em Angola lamentam que o Governo esteja a importar enormes quantidades, com custos superiores a 10 milhões de dólares por ano, quando existem, só na província de Benguela, cerca de 20 mil toneladas sem escoamento.
Desprovidos de condições financeiras para níveis que garantam o fornecimento a outros países, conforme tenciona o Ministério das Pescas e do Mar, os produtores criticam a importação de sessenta mil toneladas anualmente, metade do que se quer produzir até ao final de 2018.
A pensar numa abertura projectada pelo Governo do Moxico, o Grupo Adérito Areias (GAA) procura movimentar o sal que tem nos campos de produção através do caminho-de-ferro, com vários mercados no horizonte, incluindo a nível da SADC.
‘’Temos nesta altura, pronto para fornecer, cerca de 13 mil toneladas. Como é que podemos acomodar no Moxico, tendo em conta as dificuldades, por exemplo, em ternos de energia?’’, questiona Ekumbi David, um dos administradores da empresa, que ambiciona ‘’chegar aos países limítrofes’’.
Já o empresário Totas Garrido, membro da Associação dos Produtores de Sal de Angola (Aprosal), desperta as autoridades.
"Há sal nacional suficiente para cobrir a necessidade interna. O importado tem de ser um sal controlado, para cobrir o défice a nível de um sal específico, que é o sal de quilo, mas em pequena quantidade, nunca 50 ou 60 mil toneladas. Isto para não acontecer o que vemos agora, só em Benguela temos cerca de 20 mil toneladas sem escoamento’’, alerta Garrido.
É dentro deste contexto que a estratégia do Governo, permanentemente reiterada pela ministra das Pescas e do Mar, Victória de Barros Neto, aponta para o crescimento da indústria salineira.
"Esta indústria pode perfeitamente, a médio prazo, satisfazer o mercado interno e criar excedente para a exportação. A nossa região é carente, daí que tenhamos de produzir sal de qualidade, e de preferência pelas nossas indústrias salineiras’’, afirma a governante.
As mesmas que se queixam da falta de disponibilidade da banca, quando se analisa a necessidade de 160 mil toneladas/ano para o consumo humano e de cem mil para o apoio a outras indústrias.
Até final de 2018, segundo a perspectiva oficial, deverão estar contabilizadas 115 mil toneladas, contra as 110 mil obtidas em 2017, para as quais contribuirá igualmente a província do Namibe.