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Presidente americano classifica Quénia o principal aliado de Washington fora da NATO em África


William Ruto, Presidente do Quénia (esq), e Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos (dir), na Casa Branca, Washington, 23 maio 2024
William Ruto, Presidente do Quénia (esq), e Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos (dir), na Casa Branca, Washington, 23 maio 2024

Joe Biden e William Ruto reforçaram parceria em vários setores, entre elas a segurança do Haiti

O Presidente americano vai designar o Quénia o primeiro grande aliado dos EUA fora da NATO na África Subsaariana.

Joe Biden fez este anúncio ao dar as boas-vindas na quinta-feira, 23, ao presidente William Ruto na primeira visita de Estado de um Chefe de Estado africano aos Estados Unidos nos últimos 16 anos.

Esta decisão sinaliza uma mudança da cooperação no domínio de segurança dos Estados Unidos para a África Oriental, no momento em que as tropas americanas se preparam para abandonar o Níger, deixando um vazio que as forças russas começaram a preencher.

Esta "classificação" dá aos não-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) acesso a vantagens militares e financeiras de que gozam os membros da Aliança Atlântica, mas sem o acordo de defesa mútua.

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Depois do Presidente informar o Congresso essa classificação entra em vigor 30 dias depois.

Durante um dia repleto de reuniões com William Ruto – que culminou com um jantar de Estado para 500 convidados, com a presença dos ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton e da ex-secretária de Estado Hillary Clinton – Joe Biden disse que a decisão é resultado da estreita colaboração entre as duas nações na luta contra o terrorismo no volátil Corno de África.

"Isso é o cumprimento de anos de colaboração em operações conjuntas de contraterrorismo que enfraqueceram o Estado Islâmico e a Al-Shabab em toda a África Oriental, o nosso apoio mútuo à Ucrânia e a mobilização do mundo para apoiar a Carta da ONU e o nosso trabalho conjunto no Haiti está a ajudar a pavimentar o caminho para reduzir a instabilidade e a insegurança", disse Biden na ocasião.

Alertas para o historial do Quénia em matéria de direitos humanos

No entanto, analistas políticos afirmam que o historial irregular do Quénia em matéria de direitos humanos – amplamente documentado pelo Departamento de Estado dos EUA – suscitou preocupações sobre a forma como o país utilizará esse novo estatuto privilegiado.

"O Quénia tem sérios problemas como execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados e tortura, formas cruéis e desumanas e outras formas de punição degradante por parte do Governo ou em nome do Governo", lembra Michael Walsh, membro sénior do Programa para África no Instituto de Pesquisas de Política Externa.

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Ela acrescenta que "isto é da responsabilidade das forças de segurança, portanto, haverá preocupações de que essa parte da estratégia esteja a ser abandonada, que os Estados Unidos já não estejam a dar tanta prioridade à promoção da democracia em África e que os Estados Unidos estejam realmente a recuar para o lado da segurança. do paradigma segurança-democracia".

Nos seus discursos, William Ruto e Joe Biden destacaram o envio de mil agentes de segurança para o Haiti.

A iniciativa, para a qual os Estados Unidos prometeram 300 milhões de dólares de apoio, enfrenta duros desafios políticos e jurídicos no Quénia.

A missão também foi adiada depois de, em março, gangues armadas haitianas terem assumido o controlo enquanto o primeiro-ministro Ariel Henry estava o Quénia.

Ele renunciou ao cargo em abril e não regressou ao país.

Ruto, que disse estar “ansioso” pelo envio de forças ao Haiti, não deu data nem mais detalhes.

A Casa Branca também anunicou na quinta-feira uma série de acordos relacionados com a segurança, que incluem oportunidades de formação e exercícios militares, assistência na gestão de refugiados, investimentos nos esforços de contraterrorismo no setor de segurança do Quénia, mais troca de informações e o envio de 16 helicópteros e 150 veículos blindados.

De bombas a bombons

Washington também assumiu o compromisso de enviar milhões de dólares para o reforço da democracia, saúde, educação, artes, cultura, gestão climática, comércio e tecnologia.

Por seu lado, o Presidente do Quénia reiterou o apelo para que os Estados Unidos dupliquem os seus compromissos para ajudar a reestruturar as dívidas dos países africanos e alertou para as consequências graves caso essa situação se mantenham.

“A menos que isto seja feito, e imediatamente, os valores da liberdade, da democracia e do Estado de direito estão em grande perigo”, avisou Ruto.

A longa lista de compromissos americanos não inclui, no entanto, estradas, pontes e projetos ferroviários que os líderes africanos há muito dizem necessitar para acompanhar a explosão populacional.

A alternativa tem sido recorrer à iniciativa Cinturão e Rota da China, que tem o continente africano como o maior beneficiário do investimento de mil milhões de dólares.

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