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Presidência da CEDEAO: Da falta de mais resultados à projecção da Guiné-Bissau e de Sissoco Embaló


Úmaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, em Acra, Gana, 3 Julho 2022
Úmaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, em Acra, Gana, 3 Julho 2022

Cimeira em Bissau põe fim à Presidência da organização pela Guiné-Bissau

Bissau acolhe neste domingo, 9, a Cimeira dos Chefes de Estado e do Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que marca o fim da Presidência da Guiné-Bissau e de Umaro Sissoco Embaló à frente da organização.

Em tempos de balanço, há leituras diferentes sobre essa Presidência que aconteceu no momento em que três países da comunidade estão suspensos devido a golpes militares, o terorrismo continua a ganhar espaço na região e a invasão da Ucrânia pela Rússia contribuiu para uma crise económica que vinha da pandemia da Covid 19.

Presidência da CEDEAO: Da falta de mais resultados à projecção da Guiné-Bissau e de Sissoco Embaló
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O anúncio da criação de uma força de interposição da CEDEAO para impedir golpes de Estado e tentativas de mudanças inconstitucionais foi uma iniciativa muito estimulada pelo Presidente guineense que, no entanto, não saiu no papel no seu mandato que se destacou por uma forte ofensiva diplomática.

O antigo embaixador da Gâmbia na Guiné-Bissau, Cabo Verde e Guiné Conacri, Abdou Djedju, começou por apontar que a abordagem do Presidente Sissoco [Embaló] para a solução das crises no Mali, na Guiné Conacri e no Burkina Faso não foi feliz.

"Foi uma abordagem não esperada por parte dos povos da CEDEAO e dos respectivos países, onde se registaram os golpes de Estado. Essa foi uma situação em que o Presidente tomou posições contrárias aos povos dos respectivos países. Isso faz com que, para responder a sua pergunta, toda a agenda do Presidente Sissoco [Embaló] não tenha sido cumprida", acrescenta aquele diplomata, que aponta que não conseguiu impor a força antigolpes e contra o terrorismo, "nem conseguiu também solucionar os processos de transição nos respectivos países".

Abdou Djedju junta que "tudo isso pode ser evidenciado pelo facto de que, na última fase da sua liderança, na CEDEAO, o Presidente Sissoco se tornou muito silencioso, acho que estava muito consciente que, na verdade, falhou e, desta forma, era melhor se silenciar".

Aquele diplomata aponta “ganhos subjectivos" na Presidência guineense, como o facto de o país passar a ser muito na arena internacional, que, no entanto, "não se podem quantificar, é por isso que não são visíveis".

Djedju conclui que o "Presidente deve estar convencido de que não conseguiu a sua agenda, não deu impacto que se podia notar em termos da sobrevivência ou da energia da CEDEAO, que ficou como uma organização moribunda".

Por seu lado, também em conversa com a Voz da América, o especialista guineense em política internacional e investigador pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Fernando da Fonseca, começa por dizer que não houve um acerto na escolha de uma agenda que o próprio país e a sua Presidência conseguiriam levar a cabo, "porque assumir uma Presidência da CEDEAO tem que levar com consideração a capacidade dessa pessoa que assumiu e o país".

"O segundo aspecto que teria falhado é a ausência de um discurso que, em termos diplomáticos, possa ser caracterizado de um discurso assertivo. Ou seja, durante essa Presidência houve em algum momento fricções e trocas de farpas entre o próprio Umaro Sissoco [Embaló] e algumas lideranças dos Estados membros da CEDEAO. Um terceiro aspecto tem a ver com o desrespeito da soberania dos outros Estados membros, ou seja, em algum momento, a Presidência de Umaro Sissoco [Embaló] à frente da CEDEAO não soube reconhecer essa soberania que os outros Estados têm e tentou impor algumas agendas a estes Estados, e sso é um equívoco na nossa visão".

Entretanto, o investigador sénior do Instituto de Estudos de Segurança, em Dacar, Paulin Maurice Toupane, aponta como crédito ao Presidente Umaro Sissoco Embaló "a sua determinação em lutar para a limitação dos mandatos. Ele foi claro em exprimir a sua posição, que é um ponto positivo que deve ser sublinhado).

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