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População rural considera o Estado angolano como inimigo, diz ONG


Camponeses estão marginalizados e expulsos das suas terras a favor de indivíduos ricos, dizem essas organizações

A associação Rede Terra apresentou publicamente um protesto junto da Assembleia Nacional, da Presidência da República, da Provedoria de Justiça e de igrejas do país onde pede que a administração do Estado passe a tratar com mais dignidade milhares de pessoas em comunidades rurais espalhadas pelo território nacional.

Rede Terra pede mais protecção e dignidade para camponesdes – 2:31
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A associação diz que essas comunidades têm sofrido de exclusão social e todo tipo de prejuízo em favor de uma minoria.

Num documento com cinco pontos entre os quais “queremos títulos de terras”, “o país não tem leis que regulem o poder das autoridades tradicionais e ainda a exigência de se titular os territórios.

A Rede Terra pede ainda a realização de um debate nacional sério e responsável sobre os territórios tradicionais.

Bernardo Castro, o responsável pela Rede Terra, diz que há “famílias inteiras entregues à sua sorte, com empobrecimento crónico, permanente insegurança de posse”.

Castro disse tratarem-se de “territórios completamente esquecidos, ninguém fala delas, o sistema jurídico estadual contra um sistema jurídico tradicional, questões de fundo a serem silenciadas, isto é perigoso para o desenvolvimento sustentável".

Para Bernardo Castro, "actualmente o inimigo número 1 da população é o próprio Estado, pela violência das suas políticas que geram incertezas e muita vulnerabilidade”.

“Desenvolveram-se paradigmas entre o urbano e o rural onde o rural é tido como o subdesenvolvido, não civilizado”, disse acrescentando que são gerritórios que “desde a colonização estão entregues à sua sorte sem qualquer proteção"

A SOS Habitat que trabalha com as comunidades diz comungar com a pressão da Rede Terra André Augusto dessa organização disse que "de um tempo a esta parte esta franja da sociedade tem estado a ser prejudicada por interesses de indivíduos com maiores posses”.

“Temos por exemplo a comunidade de Ijila Ngola em Kitexe no Uíge, onde um empresário juntamente com a administração local está a fazer tudo para despejar aquela comunidade”, contou.

“São cerca de 150 famílias em risco de perderem as suas habitações e terras de cultivo e o mesmo acontece no Huambo onde 5.000 famílias perderam as suas terras para dar lugar a centralidades e auto construções dirigidas", relatou.

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