A polícia da Guiné-Bissau colocou em liberdade nesta sexta-feira, 29, os 10 estudantes detidos ontem quando pretendiam manifestar-se contra o encerramento das escolas, imposto pelo estado de calamidade pública decretado pelo Presidente da República.
A corporação justificou a prisão com a violação desse decreto em vigor desde sábado, 23.
Como a VOA noticiou ontem, os estudantes tentavam pela segunda vez marchar contra o encerramento das escolas, determinado pelo Presidente, que se seguiu a várias greves de professores que, segundo pedagogos e sindicalistas, podem colocar em causa este ano lectivo.
Ante a detenção dos estudantes, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) condenou “veementemente a actuação desproporcional das forças de segurança contra os estudantes que pretendiam apenas exercer um direito fundamental constitucionalmente assegurado a todos os cidadãos” em nota publicada na sua página no Facebook.
Ao afirmar acompanhar “com bastante apreensão e indignação a repressão policial ocorrida na marcha de protesto levada a cabo pelas organizações representativas dos estudantes com o objectivo de exigir o fim da greve e da suspensão das aulas no Sector Autónomo de Bissau”, a LGDH exigiu a libertação imediata e incondicional de todos os estudantes e afirmou “responsabilizar o Ministério do Interior das consequências da sistemática utilização ilegal e abusiva da força física para impedir o exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos”.
Ainda de acordo com a nota, a Liga desafia o mesmo Ministério “a abrir um inquérito interno com vista a apurar as circunstâncias em que a referida violência policial ocorreu e, em consequência, responsabilizar exemplarmente os autores de comportamentos violentos”.
Refira-se que um jornalista que se encontrava a trabalhar no local da manifestação foi detido por algumas horas.