Um dia depois de terem sido detidos durante uma manifestação contra o desemprego e pela realização de eleições autárquicas, seis jornalistas continuam detidos em Luanda, Angola.
“Venho do SIC (Serviço de Investigação Científica) e eles ainda estão lá”, disse à VOA neste domingo, 25, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA).
Três jornalistas da Radio Essencial, um jornalista e um reporter de imagem da TV Zimbo e um fotógrafo da agência de notícias AFP foram detidos quando faziam a cobertura da manifestação ontem que eclodiu em confrontos entre os participantes e a Polícia Nacional (PN).
A polícia chegou a obrigar o repórter de imagem da TV Zimbo, estação anteriormente privada mas agora sob gestão do Estado, a apagar as imagens captadas durante a manifestação.
Teixeira Cândido acrescentou que o SJA vai-se pronunciar sobre a situação em breve.
"Fizemos contacto com a direcção do SIC e com os ministros da Comunicação Social e do Interior e sstão todos a trabalhar a na expectativa de libertar hoje os colegas", acrescentou aquele representante sindical.
Na sua página no Facebook, ele perguntou: “Quando é que a Polícia Nacional vai compreender que se trata de abuso de poder deter jornalistas, danificar os seus meios, simplesmente porque estão a cobrir manifestações?”.
Teixeira Cândido lembrou que "a polícia não está acima da lei e tem o dever e a obrigação moral e legal de respeitar as leis que o país aprova".
Ele lembrou que a Constituição da República e a lei da imprensa dão ao jornalista "o direito de exercer a sua actividade", havendo apenas o limite a honra das pessoas ou a violação do segredo de Estado.
"Fora isso o jornalista está autorizado a exercer a sua actividade, foi isso o que os colegas estiveram a fazer ontem, lamentavelmente a polícia está a ser um mau exemplo,a polícia está a usar a sua autoridade para com profissionais da classe jornalística", acusou Teixeira Cândido.
Os seis profissionais da imprensa, bem como o motorista da Rádio Essencial, e mais 40 detidos devem ser presentes na segunda-feira, 26, ao tribunal para um julgamento sumário.
A PN e a governadora de Luanda justificaram a actuação das autoridades que impediram a manifestação com a entrada em vigor no sábado de um decreto presidencial com medidas de combate e controlo à pandemia, entre elas um número limitado para aglomeração de pessoas.
Lima classificou a manifestação como um "acto de vandalismo" e avisou haver “interesses confessos” dos que incentivam os activistas a protestaram.
A UNITA apoiou a manifestação, tendo o secretário provincial e deputado Nelito Ekuiku dito que foi agredido.