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Pobreza leva doentes a abandonarem tratamento da tuberculose em Angola


Dispensário Anti-Tuberculose em Benguela, Angola
Dispensário Anti-Tuberculose em Benguela, Angola

O Gabinete de Saúde na província angolana de Benguela admite inúmeros casos de fuga ao tratamento da tuberculose devido à pobreza, quando o problema de escassez de medicamentos no país até nem se coloca tanto nas suas unidades sanitárias, apoiadas pelo subsídio do Fundo Global (FG).

Há relatos de pacientes que pedem ao Estado apoios em matéria de transportes e alimentação para uma adequada resposta ao tratamento, enquanto especialistas sugerem a criação de um fundo de combate à tuberculose, doença com incidência anual estimada em 202 casos por 100 mil habitantes.

Pobreza afecta luta contra a tuberculose -2:30
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O Mecanismo de Implementação do Subsídio do Fundo Global, também para a malária e o HIV/SIDA, realça que a recolha de dados é deficiente e o acompanhamento domiciliar inexistente, mas avança que Angola notificou 63 mil casos em 2021, sendo cidadãos entre os 15 e 39 anos de idade os mais afectados.

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Num país que regista limitações de fármacos de primeira linha, estando entre os trinta com mais carga de tuberculose no mundo, a província de Benguela tem alguns motivos para sorrir.

O problema, segundo o director do Gabinete de Saúde, António Manuel Cabinda, é que a existência de fármacos esbarra na fuga ao tratamento.

“São medicamentos muito fortes e, por vezes, os pacientes acabam por abandonar o tratamento. Estamos a trabalhar com o Gabinete de Acção Social no cadastramento destas pessoas para ver se apoiamos, incluindo com os serviços penitenciários. Como sabem, a doença é frequente nos locais onde existem aglomerados”, diz aquele dirigente.

Malanje TB: Doentes abandonados à sua sorte pelas suas famílias
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Quem está no terreno, as províncias de Benguela e do Kwanza Sul, beneficiárias dos 103 milhões de dólares norte-americanos para a luta contra as três doenças, não fica surpreendido com o abandono.

Andrew Pamachigere, coordenador do projecto Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo, (ADPP), sub-receptora do subsídio, diz que o quadro é tão deplorável que impõe recolha de doações para os pacientes.

“Há sim muita dificuldade, sobretudo na parte de alimentação, às vezes visitamos pacientes cada semana, cada dia. Apoiamos, às vezes, com doações de alimentação que recebemos, mas não é suficiente. Precisamos de um plano abrangente para superar estas dificuldades”, sugere o técnico, acrescentando que “o projecto prevê transporte para levar pacientes até aos centros de tratamento”.

Tuberculose: Pandemia afectou em grande escala o tratamento de doentes
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Desde quinta-feira passada, 24, Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, o Dispensário Anti-Tuberculose de Benguela recebe obras de reabilitação, financiadas por uma companhia de pesca chinesa com participação de angolanos, a Guanda Pesca.

Em Angola, a taxa de co-infecção VIH/TB é estimada em 12%.

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