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Piores países para se nascer: Moçambique melhorou, mas continua na cauda da tabela


Moçambique está entre os 30 países em que é muito perigoso nascer, segundo o estudo da publicação The Lancet

A série inovadora de documentos lançados hoje, 20, pela The Lancet, na sede do UNICEF, mostra que a maioria dos quase três milhões de crianças que morrem antes de completar um mês de idade poderiam ser salvas se recebessem cuidados de qualidade na altura do seu nascimento – com foco especial nas mais vulneráveis e desfavorecidas.

As mortes de recém-nascidos representam um impressionante número de 44 por cento da mortalidade total de crianças menores de cinco anos e representam uma maior proporção de mortes de menores de cinco anos agora do que em 1990. Estas mortes tendem a verificar-se entre as populações mais pobres e mais desfavorecidas.

“Temos testemunhado um grande progresso para salvar as crianças menores de cinco anos, mas onde o mundo esbarrou é nas crianças mais novas e mais vulneráveis”, afirmou o Dr. Mickey Chopra, Director de Programas Globais de Saúde do UNICEF.

“Este grupo de crianças precisa de atenção e recursos. Centrarmo-nos no período crucial entre o trabalho de parto e as primeiras horas de vida pode aumentar exponencialmente as hipóteses de sobrevivência, tanto para a mãe como para o filho”, acrescentou.

Segundo o UNICEF, 2,9 milhões de bebés morrem a cada ano nos primeiros 28 dias. Outros 2,6 milhões de bebés nascem prematuros e 1,2 milhões dessas mortes ocorrem quando o coração do bebé pára durante o trabalho de parto. As primeiras 24 horas após o parto são as mais perigosas para a criança e para a mãe – quase metade das mortes maternas e de recém-nascidos ocorrem nessa altura.

Em Moçambique, nos últimos dez anos, apesar da redução da mortalidade infantojuvenil para metade, a sobrevivência neonatal continua a ser um grande desafio, já que não conheceu o mesmo progresso.

Em cada ano nascem mais de 950.000 crianças em Moçambique. Destas, estima-se que 83,000 morrem antes de cumprir 5 anos de idade, dos quais 28.000 durante os primeiros 28 dias de vida.

As mortes neonatais representam mais de 30 por cento de todas as mortes de crianças menores de cinco anos no país.

Uma grande parte das mortes de recém-nascidos ocorre nas primeiras 24 horas depois do nascimento (32%), e outra grande parte ocorre entre o primeiro e o sétimo dia depois do nascimento (49%). As causas principais das mortes neonatais são a prematuridade, a asfixia neonatal e as infecções (sepsis) do recém-nascido. De acordo com os dados mas recentes disponíveis no país, estima-se que as províncias de Tete e Zambézia são aquelas onde mais neonatos morrem antes do cumprimento do primeiro mês de vida.

A redução da mortalidade neonatal implica investir em intervenções de alto impacto que possam prevenir as causas dos problemas, ou que possam portanto assegurar acesso imediato aos cuidados necessários.

"Eexistem intervenções de alto impacto que são simples, de baixo custo e de baixa tecnologia, e que podem ser introduzidas em grande escada no país tanto ao nível das unidades sanitárias assim como ao nível comunitário, para prevenir muitas das mortes de recém-nascidos que ainda acontecem em Moçambique.” disse o Dr. Koen Vanormelingen, Representante do UNICEF em Moçambique.
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