Pedaços de caixas de papelão estão a ser usados para o registo de crianças nas maternidades de algumas unidades hospitalares da província de Sofala, região centro de Moçambique, alegadamente por falta de fichas apropriadas.
“Com tantas gráficas, é intolerável que se recorra a caixas de papel para usar como ficha de nascimento. Parece que estamos num país sem governo,” lamenta Albertina Mandongue, uma das mães que após parto, em Dezembro, ficou surpreendida ao receber um cartão de papelão, no Centro de Saúde Urbano da Munhava, arredores da cidade da Beira.
Por seu turno, Maria Fernando diz que faz três meses que aguarda a substituição da ficha improvisada, e vê-se sujeita a recorrer a esquemas.
“Cada vez que (o cartão de papelão) fica sem espaço para novos dados, dão outro papel, nos obrigando a andar com muitos pedaços de papéis na bolsa com risco de perder, o que não dignifica. Assim sendo, serei obrigado na próxima consulta de controlo de bebé comprar também”, lamentou Maria.
A directora provincial da Saúde de Sofala, Neusa Joel, reconhece a situação da falta de ficha nalgumas unidades sanitária, alegando que é resultado do impacto das inundações no zona sul do país, que condicionam o transporte do material.
“Na verdade, neste momento por causa da via, o camião ficou retido na ponte sobre o rio Save, não consegue chegar a Beira (...) as fichas saem de Maputo, recebemos a dias, só que Beira consome muito”, justificou Joel.
Algumas parturientes disseram que a situação é constrangedora e suspeitam que nalguns hospitais as fichas são desviadas para esquemas corruptos de registo.
“Não tenho essa informação, vamos investigar para apurar se é verdade que estão a vender (as fichas) 600 meticais, isso já não é protocolo do sistema nacional de saúde, provavelmente alguma coisa está errada”, disse Joel.
Aquela responsável prometeu investigar.
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