O Papa Francisco reconheceu que os moçambicanos conheceram “luto e dor”, mas destacou que não deixaram que “a vingança e ódio vencessem”, ao mesmo tempo que apelou à inclusão de todos no processo de desenvolvimento.
Num desafio aos jovens, ele pediu para não se resignarem e apontou os exemplos de Eusébio e Lurdes Mutola.
Ao discursar no encontro que manteve com o Presidente Filipe Nyusi e vários líderes políticos e da sociedade nesta quinta-feira, 5, no Palácio Presidencial em Maputo, Francisco lembrou que a cultura da paz é um "processo constante" de diálogo no qual todos estão presentes e em que os jovens “não são apenas a esperança, já são o presente”.
Depois de destacar o Acordo Geral de Paz de 1992 e os demais esforços para a estabilização de Moçambique, com longos anos de guerra, o Papa felicitou os presentes no Palácio da Ponta Vermelha.
"Todos vós sois consultores da obra mais bela a ser realizada", realçou, acrescentando que apostaram "num futuro de paz e reconciliação como garantias para a vida dos vossos filhos".
Inclusão
O líder da Igreja Católica apontou a necessidade da inclusão e lembrou que "sem igualdade de oportunidades" não há paz duradoura.
"Quando [uma sociedade] abandona na periferia uma parte de si mesma", não há políticas, nem "forças de autoridade ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade", sublinhou Francisco.
Ao intervir, o Presidente Filipe Nyusi chamou de irmãos o líder da Renamo, Ossufo Momade, e o presidente do MDM, Daviz Simango, a quem pediu que ficassem de pé, tendo o momento sido muito ovacionado.
"Citei estes dois porque são os que representam o nosso Parlamento, mas temos muitas mais que estão aqui", referiu Nyusi, reiterando a cultura "de não violência" em que a política "é feita com a força dos argumentos e não pela força das armas".
Quanto ao discurso de Francisco, Nyusi disse que esse aconselhamento papal "tem servido de guia" para Moçambique e encerra em si "o espírito que levou ao acordo de paz" de 6 de Agosto.
Cuidado com "resignação e ansiedade"
Num encontro inter-religioso com jovens no Pavilhão do Maxaquene, Francisco defendeu a “alegria de viver e aconselhou-os a não se deixarem desviar por situações que os podem fragilizar.
"Devem-se acautelar de duas atitudes que matam o sonho da esperança: resignação e a ansiedade".
"Quando as dificuldades sociais não encontram respostas, não é bom darmo-nos por vencidos", sublinhou o Papa que ilustrou a sua mensagem com os casos de Eusébio da Silva Ferreira e Lurdes Mutola, “como exemplos que devem inspirar pela capacidade que tiveram para superar as adversidades nas suas carreiras”.
O líder da Igreja Católica defendeu ainda que os jovens devem fazer o seu caminho, "com liberdade, entusiasmo e criatividade" contudo, respeitando e ouvindo a voz dos mais velhos, com destaque para os idosos, que não devem ser abandonados.
O Papa tem um longo programa de actividades.