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Angola: Pai de estudante morto em manifestação em 2020 lamenta morosidade da justiça


Inocêncio Alberto de Matos, manifestante assassinado em Luanda, Angola, 11 Novembro 2020
Inocêncio Alberto de Matos, manifestante assassinado em Luanda, Angola, 11 Novembro 2020

“O que quiseram saber é o que eles mesmo já sabem, só não prendem, nem responsabilizam (ninguém) porque não querem, mas nós pedimos justiça”, disse o pai de Inocêncio de Matos ouvido recentemente pela justiça

O pai do estudante universitário angolano Inocêncio de Matos morto na manifestação de 11 de Novembro de 2020 continua a clamar por justiça.

Nas últimas semanas, ele e mais nove testemunhas e declarantes foram ouvidos, mas lamentar que a justiça tarda a ser feita.

Três semanas depois da morte de Matos, as autoridades prometeram uma investigação para apurar responsabilidades, mas até agora desconhece-se qualquer pronunciamento da polícia ou da justiça.

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Alfredo Miguel Matos, pai de Inocêncio de Matos, queixa-se da demora do processo contra os supostos assassinos do filho.

“Tivemos muitos casos pelo mundo, como o de George Floyd nos EUA, que já foi esclarecido não entendemos por que é que desde 2020 o caso do meu filho não é esclarecido”, lamenta.

Matos diz ter sido ouvido e que recentemente mais de 9 declarantes e testemunhas também prestaram declarações.

“O que quiseram saber é o que eles mesmo já sabem, só não prendem, nem responsabilizam (ninguém) porque não querem, mas nós pedimos justiça”, sublinha.

Para o advogado da família Matos Zola Bambi, a situação é preocupante por haver pouco interesse das autoridades em esclarecer o facto.

"É uma situação preocupante para nós até porque o tempo que leva mostra que as autoridades não estão preocupadas, mas com esses primeiros passos esperamos que sejam então esclarecidos todos os factos”, Zola Bambi.

Ante essas audições recentes, o jurista Agostinho Canando explica que “após interrogatórios feitos às testemunhas e declarantes, passa-se à fase de acusação por parte do Ministério Público para a fase judicial, na fase judicial poderão ser feitos novos interrogatórios para poder aferir a veracidade dos factos, depois de novas declarações o juiz fará a leitura dos quesitos para ver se as respostas recolhidas coincidem até conseguir uma decisão mais justa”.

O último adeus a Inocêncio Matos
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Inocêncio de Matos, estudante do 3° ano de Ciências de Computação, na Universidade Agostinho Neto, foi mortalmente ferido na manifestação de 11 de Novembro, convocada por activistas para protestar contra o desemprego e a favor das eleições autárquicas.

Na altura, a polícia disse que Matos morreu quando caiu no momento em que era perseguido pelos agentes, mas há acusações de que o estudante foi brutalmente espancado, o que resultou na sua morte.

Ferido, Matos viria a falecer no hospital, mas o pai, em entrevista à VOA, refutou a versão da polícia que negou qualquer envolvimento na morte.

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