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Os desafios do pós-Dhlakama para a Renamo


Afonso Dhlakama em campanha eleitoral
Afonso Dhlakama em campanha eleitoral

Primeiro teste será nas eleições autárquicas de Outubro

A morte do líder histórico da Renamo Afonso Dhlakama reacendeu o debate sobre o seu funcionamento como partido, havendo quem defenda a reintegração de figuras expulsas daquela formação política, entre as quais se destacam Daviz Simango e Raúl Domingos, para conferir maior robustez ao principal partido da oposilão, face aos próximos pleitos eleitorais em Moçambique.

Os desafios do pós-Dhlakama para a Renamo
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Alguns analistas dizem que se isso acontecer, a Renamo poderá ter um bom desempenho nas próximas eleições, tanto as municipais, já em Outubro, como as gerais em 2019.

A questão é que a Renamo dependia muito da figura do seu líder.

Mesmo em casos em que Dhlakama estava fragilizado em termos de liderança, o nome dele ainda era uma garantia a sobrevivência do partido.

Nas eleições em que a Renamo participou, houve uma grande mobilização das pessoas nas campanhas eleitorais que se arrastavam para ir ver Afonso Dhlakama, mas bastava ele sair da cena que o entusiasmo do partido reduzia bastante.

Nesses termos, muitas pessoas dizem que a Renamo era Dhlakama e Dhlakama era a Renamo.

Para o analista Calton Cadeado, isso não pode ser assim numa competição política.

"É preciso que haja estruturas porque as pessoas passam e as estruturas devem ficar, as pessoas passam e os partidos devem ficar e devem ficar com robustez", afirmou.

Já antes da morte de Afonso Dhlakama, havia uma grande parte da opinião pública que advogava para a necessidade de se repensar o funcionamento da Renamo.

Algumas pessoas advogavam, inclusive, a necessidade de afastar Afonso Dhlakama da liderança da Renamo e colocá-lo como presidente honorário, dando assim mais energia ao partido.

Contudo, para Calton Cadeado, nos termos em que a Renamo se encontrava, essa probabilidade era extremamente perigosa para a própria Renamo, porque o partido dependia muito do seu líder.

O analista Tomás Simone diz que "se neste momento existe alguém que conhece a Renamo por dentro, é Raúl Domingos, que negociou, com sucesso, o Acordo Geral de Paz com o Governo, em Roma".

Alguns membros da Renamo dizem que gostariam que Raúl Domingos voltasse à casa e ele diz que tem que haver um pedido expresso nesse sentido.

Simone considera que "Raúl Domingos, sem pretender colocar em causa outras figuras da Renamo, pode levar o partido a bom porto e disputar, taco a taco, como se diz na gíria desportiva, as presidenciais com Filipe Nyusi, em 2019".

Entretanto, o analista Constantino Marrengula, não acha que a ideia de coligação ou de chamar de volta as figuras que foram expulsas da Renamo seja a melhor solução.

Marrengula considera que "pode ser uma solução de curto prazo porque é para tirar alguém do poder, mas eles têm ainda muitos problemas por resolver".

Aquele analista realçou ainda que "não sei se isso beneficia o país no futuro. Não sei se isso responde aos interesses de longo prazo do próprio país do ponto de vista de assegurar um Governo estável para pelo menos conseguir esta travessia do deserto que estamos a passar por ele".

Entretanto, na quarta-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi vai participar na cerimónia religiosa, na cidade da Beira, durante a qual fará o elogio fúnebre ao seu” irmão” Afonso Dhlakama, cujo corpo será sepultado, na quinta-feira, 10, na sua terra natal.

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