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Organizações de defesa dos direitos humanos criticam assassinato de jovem pela polícia angolana


Polícia Nacional de Angola (Foto de Arquivo)
Polícia Nacional de Angola (Foto de Arquivo)

Organizações de defesa dos direitos humanos em Angola condenaram o assassinato do jovem José Kilamba Rangel por um agente da Polícia Nacional (PN) na madrugada de domingo, 12, no Bairro Prenda, em Luanda, e exigem a responsabilização do Estado pelo ato cometido por um dos seus agentes.

Kilamba Rangel, de 23 anos de idade, foi morto por alegadamentese recusar usar a máscara de proteção facial.

Para o líder da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, o Estado é o principal responsável pelos atos dos seus agentes pelo que deve assumir o ónus do crime .

“Achamos que é justo que a polícia seja civilmente responsabilizada pelo ato do seu agente”, defende Freire.

André Augusto, responsável da organização SOS-Habitat, considera que a atitude dos agentes da PN é o resultado da fraca formação em matéria de defesa dos direitos humanos na corporação.

“Cabe ao Estado estabelecer mecanismos e balizas para controlar os atos dos seus agentes”, diz aquele líder associativo.

A PN, que já assumiu a autoria do crime, alega que a ação decorreu quando um dos seus agentes que efetuavam serviço de patrulhamento “se depararam com um aglomerado de jovens, em horário e local não autorizados”.

Num comunicado distribuído à imprensa, o Comando Provincial de Luanda da PN reconhece que o incidente resultou de uma "intervenção imprudente” de um dos efetivos que realizou disparos com arma de fogo atingindo mortalmente o cidadão.

Segundo a nota, o disparo causou igualmente ferimentos a outro cidadão identificado como Mauricio José Isabel, solteiro, de 16 anos de idade.

A corporação garante que o autor do crime já se encontra detido.

Confrontos com a Polícia

O uso de máscara facial na via pública é obrigatório, sob a pena do pagamento de multas entre os 5.000 e 10.000 kwanzas para quem não respeitar a medida, segundo as novas regras de prevenção e combate à Covid-19,

O jornalista e diretor do jornal “o Crime”, Mariano Brás, pede contenção por parte da PN, afirmando que os agentes em serviço devem evitar reagir com violência contra o comportamento de alguns cidadãos.

Para Brás, “o país vive uma situação atípica que tem estado a alterar alguns comportamentos dos jovens que se sentem saturados com as medadas preventivas impostas pelo Governo para conter a pandemia da Covid-19”.

Em Junho, o porta-voz do Ministério do Interior, sub-comissário, Waldemar José, revelou que 10 efetivos acusados das mortes de cidadãos desde o início do estado de emergência até àquela data estavam detidos e à espera de responderem criminalmente pelos atos cometidos.

“Vão ser devidamente responsabilizados", referiu na altura.

A atuação da polícia tem sido duramente criticada pelos cidadãos devido às mortes que têm causado durante as suas operações.

Desde a entrada em vigor do estado de emergência, decretado a 27 de março, vários incidentes envolvendo polícias e cidadãos resultaram em mortes,

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