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Organizações da sociedade civil exigem reformas nas forças de segurança da Guiné-Bissau


Activistas guineenses obrigados por polícias a nadar em poça de água suja, Bafatá, Guiné-Bissau
Activistas guineenses obrigados por polícias a nadar em poça de água suja, Bafatá, Guiné-Bissau

Revolta por humilhação de três activistas leva Governo a demitir polícias

Como a VOA noticiou na terça-feira, 6, o ministro do Interior da Guiné-Bissau, expulsou três polícias acusados de torturar três activistas que participavam numa manifestação para pedir luz eléctrica em Bafatá na segunda-feira.

Depois de terem sido presos, segundo a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), os activistas foram torturados na esquadra e humilhados na praça pública, ao serem obrigados a nadar numa poça de água suja.

Depois da decisão de Botche Candé, organizações da sociedade civil apontam outros desafios à polícia e ao Governo.

O vice-Presidente da LGDH afirma que não basta apenas expulsar os agentes implicados directamente no acto.

“Há o comissário que deu ordem aos agentes para actuarem arbitrariamente contra os jovens inocentes. Infelizmente o Ministério do Interior não anunciou nenhuma medida contra esse comissário. Daí que nós entendemos que é preciso ir além”, sustenta Bubacar Turé, quem afirma não compreender “o silêncio ensurdecedor do Ministério Público perante um caso tão grave que atentou contra a vida e a integridade física dos cidadãos”.

A actuação da polícia guineense tem sido alvo de muitos críticas e não é de hoje.

Para Turé, “o actual ‘status quo’ da instituição policial é uma ameaça aos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e até ao próprio Estado de direito” e por isso defende “uma reforma urgente das forças de segurança para o restabelecimento da necessária confiança entre os cidadãos e a polícia”.

Por seu lado, a presidente do Conselho Nacional da Juventude, que viu um dos membros ser alvo da violência policial em Bafatá, é da opinião que este caso não deve ser encarado como um acto isolado.

“Não é só a questão de um acto isolado, mas também assistimos repetidas proibições de manifestações, violações dos Direitos Humanos em que nós como jovens, achamos que devemos pronunciar e diligenciar-se para que esta situação seja ultrapassada”, afirma Aissato Djaló Forbes.

De referir que no curto espaço de tempo, o leste do país, sobretudo a região de Bafatá, tem sido marcada por sucessivas situações de violência policial.

Em Cuntubo, fiéis muçulmanos foram espancados por tentarem fazer a reza de Ramadão numa sexta-feira, e, mais recentemente, a polícia invadiu a tabanca de Cossé, cuja população está ainda a disputar o regulado na comunidade.

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