Pela primeira vez o MPLA admitiu em público que é quase uma certeza que não haverá eleições autárquicas, provocando condenações por parte dos três principais partidos da oposição
A maioria da oposição parlamentar angolana considera que o adiamento das eleições autárquicas, sugerido pela primeira vez, pelo MPLA, alegando os efeitos da Covid-19, “é um subterfúgio para esconder a falta de vontade política” do partido no poder.
Com efeito, o secretário para os Assuntos Eleitorais do MPLA afirmou não haver, de momento, "condições objetivas” para levar o escrutínio avante, em meio à pandemia.
Em declarações à Rádio Nacional, Mário Pinto de Andrade sustentou que a experiência dos países da África Austral que realizaram eleições legislativas foi “muito má”, o que exige muita cautela.
"Aliás, nós temos estado, ao nível do MPLA e dos partidos da oposição, a participar (em encontros) online de outros países aqui da África Austral que realizaram eleições legislativas, e em que as pessoas pedem-nos para termos cautela porque a experiência deles foi, de fato, muito má”, sublinhou Pinto de Andrade.
A UNITA, o PRS e a CASA-CE entendem, entretanto, que “os primeiros sinais” que revelaram o desinteresse do MPLA na realização do escrutínio, em 2020, foram dados com a não aprovação do pacote eleitoral autárquico e com fato de o actual Orçamento Geral do Estado não contemplar qualquer verba para as eleições autárquicas.
O secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikuamanga afirma que “estes foram sinais mais que evidentes de que o MPLA tinha alguma coisa que não ia ao seu agrado”.
O vice-presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, também entende que “a pandemia não poder ser responsável pela não aprovação do pacote autárquico, nem pelo não realização das eleições”.
Por seu lado, para o secretário-geral do PRS, Rui Malopa, o MPLA demonstrou, com esta atitude, que receava perder para outros partidos se as eleições autárquicas tivessem lugar em 2020.
“Teria sido sensato concluir o pacote legislativo e só depois avaliarmos se há ou não condições sanitárias”, sublinha Malopa.
Quem defende a tese do MPLA é o líder da FNLA, Lucas Ngonda, que considera que as eleições autárquicas podem esperar, alegando que “a vida tem de estar em primeiro lugar ,as eleições nós teremos para todo o sempre”.
Não qualquer indicação, até agora, se as eleições locais será realizadas em 2021, ano anterior às legislativas.