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Escândalo das dívidas ocultas: Corrupção do Governo de Moçambique emerge no julgamento


Embarcações da Ematum envolvidas no negócio
Embarcações da Ematum envolvidas no negócio

A fama de corrupção do governo moçambicano é destacada no julgamento de Jean Boustani, figura envolvida no “escândalo das dívidas ocultas”, que decorre em Nova Iorque.

Boustani, antigo vendedor da Privinvest, é tido como fundamental nas negociações que resultaram na fraude de mais de dois mil milhões de dólares americanos alegadamente para a protecçao da costa moçambicana e pesca de atum, que resulta na precariedade da vida de milhões no país da África Austral.

Tal como reporta o Centro de Integridade Pública (CIP), a defesa de Boustani e o banco russo VTB trouxeram nos seus argumentos, na sessão de terça-feira, 29, a fama de Moçambique como país com um governo corrupto.

Boustani é julgado pelos Estados Unidos sob acusação de ter defraudado companhias americanas que investiram nas empresas ProIndicus e Ematum, no centro do escândalo de das dividas ocultas.

“Antes de investir [na ProIndicus e EMATUM] fizeram due diligence, certo? E não sabiam que o Governo de Moçambique é altamente corrupto?” questionou o advogado Randall Jackson, da defesa de Boustani, à firma Ice Canyon.

Esta firma de gestão de investimento global em mercados emergentes, da Califórnia, investiu milhões de dólares no empréstimo da ProIndicus, em 2013, por via do Credit Suisse. Consta que também investiu nos títulos de crédito da EMATUM.

“Se soubesse que a Privinvest iria subornar governantes moçambicanos e colaboradores da Credit Suisse não teríamos investido na EMATUM e na ProIndicus,” disse no tribunal um analista financeiro da Ice Canyon, Aneesh Partap.

Na leitura do CIP, “as declarações de Aneesh Partap foram no sentido de confirmar que os investidores americanos foram burlados pelos arguidos Jean Boustani, Manuel Chang, Teófilo Nhangumele, António Carlos do Rosário e outros arguidos do caso nos EUA, que desviaram parte do dinheiro dos empréstimos”.

No mesmo julgamento, reporta-se que o banco russo VTB diz que está arrependido de ter concedido empréstimo à ProIndicus.

A canadiana Cicely Leemhuis, directora adjunta do Departamento Jurídico da VTB Capital em Londres, subsidiária do VTB, disse que se soubesse que haveria corrupção na execução do projecto da ProIndicus, não teria participado no empréstimo sindicado da ProIndicus.

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