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No seu primeiro discurso sobre "o Estado da União" Trump apela à unidade


Donald Trump fala ao congresso
Donald Trump fala ao congresso

Presidente propôe compromissos mas reitera aspectos essenciais da sua agenda. Democratas reagem com cepticismo acusando Trump de "extremismo" e insultos raciais

Ao descrever a sua Presidência como “um novo momento americano”, Donald Trump apelou nesta terça-feira, 30, à noite, à unidade de todos os americanos e pediu aos dois partidos políticos do país para em conjunto apoiarem a construção de infraestruturas modernas no país.

Na política externa, Trump afirmou que a ajuda financeira deve ir só para países “amigos da América”.

Trump apela á unidade
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No seu primeiro discurso sobre “o Estado da União” e numa altura em que as divisões políticas no país são vistas como das mais profundas da história americana, Trump tentou ultrapassar as polémicas e divisões que têm rodeado a sua Presidência afirmando que queria falar “sobre que tipo de futuro vamos ter e que tipo de nação vamos ser”.

O Presidente americano disse que “não é suficiente estarmos unidos em tempos de tragédia”.

“Eu apelo a todos para pormos de lado as nossas diferenças, procurarmos terreno comum e alcançarmos a unidade que precisamos para servir o povo que nos elegeu para o servir”, disse Trump.

“Todos nós, juntos, como uma equipa, um povo, uma família americana”, afirmou o Presidente que enumerou alguns dos sucessos do seu Governo, como a aprovação de um novo sistema fiscal que reduz os impostos a companhias e aos cidadãos americanos.

Contudo, ele reafirmou alguns dos aspectos da sua política e endureceu a sua posição na luta contra o terrorismo, afirmando que quer que a controversa prisão de Guantanamo permaneça aberta.

Num claro sinal das profundas divisões que afectam a legislatura americana, 14 congressistas democratas boicotaram a sessão conjunta do Congresso.

Depois de mencionar o facto da sua administração ter já eliminado regulamentações burocráticas que eram um entrave à economia e que o seu governo tinha terminado com “décadas de acordos comerciais injustos que sacrificaram a nossa prosperidade e levaram para fora as nossas companhias, os nossos empregos e a riqueza da nação”, Trump apelou à cooperação entre os dois partidos representados no congresso.

“Eu peço aos dois partidos para se juntarem para nos darem uma infraestrutura segura, rápida e moderna que a nossa economia precisa e o nosso povo merece”, disse o Presidente que apelou também a políticas de imigração “centradas nos melhores interesses dos trabalhadores americanos e das famílias americanas”.

O Presidente disse que embora os Estados Unidos sejam uma “nação de compaixão”… “como Presidente dos Estados Unidos a minha maior lealdade, a minha maior compaixão e a minha constante preocupação é com as crianças americanas, os trabalhadores americanos em dificuldades e as comunidades americanas esquecidas”.

“Por isso esta noite eu estendo uma mão aberta para trabalhar com membros de ambos os partidos, Democratas e Republicanos, para proteger os nossos cidadãos de qualquer situação económica, cor ou credo”, apelou Trump.

O que é o discurso do Estado União
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Imigração, o tópico mais quente

A questão da imigração tem sido um dos tópicos controversos mais recentes particularmente no que diz respeito ao estatuto de jovens imigrantes que foram trazidos pelos seus pais ilegalmente para o país quando ainda eram crianças e cujas tentativas de legalização têm sido impedidas por desacordos entre os dois partidos.

Alguns congressistas do Partido Democrático trouxeram para a sala do congresso, onde foi feito o discurso, alguns desses jovens imigrantes.

O Presidente Trump propôs estar disposto a adoptar um plano que abra a via da cidadania a esses jovens como parte de um plano que inclui a construção de um muro na fronteira sul do país, o fim do sistema de lotaria de imigração, substituindo-o por um baseado no mérito e o fim da imigração “em cadeia” que permite a imigrantes trazerem para o país o seus familiares “mais distantes”.

Muitas vezes aplaudido pelos congressistas do Partido Republicano, mas também algumas vezes por todos os congressistas de ambos os partidos, o presidente abordou a política externa afirmando que o ano passado tinha prometido eliminar o “Estado Islâmico” (ISIS) e que agora a coligação formada para derrotar aquela organização “libertou quase 100% do território ocupado por esses assassinos no Iraque e Síria”.

“Continuaremos a lutar até o Estado Islâmico ser eliminado”, disse o Presidente para quem “experiências do passado ensinaram-nos que a complacência e concessões só convidam a agressão e provocação”.´

Trump pediu ao congresso para corrigir “falhas fundamentais no terrível acordo nuclear com o Irão” afirmando depois que a Coreia do Norte poderá em breve estar na posse de mísseis capazes de atingirem os Estados Unidos.

“Estamos envolvidos numa campanha de máxima pressão para impedir que isso aconteça”, disse o Presidente.

“Não vou repetir os erros de administrações do passado que nos colocaram nesta posição perigosa”, acrescentou Donald Trump.

Outros aspecto da política externa americana abordado pelo Presidente foi o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel que levou a que “dezenas de países votassem na Assembleia Geral das Nações Unidas contra o direito soberano da América de efectuar esse reconhecimento”.

“Os contribuintes americanos generosamente enviam a esses países biliões de dólares em ajuda todos os anos”, disse o Presidente que revelou depois ter pedido ao congresso para aprovar legislação que assegure “que a ajuda americana ao estrangeiro em dólares sirva sempre os interesses americanos e vá só para os amigos da América”.

Trump terminou o seu discurso reiterando o seu slogan eleitoral, recordando que “os americanos enchem o mundo com arte e música, avançam na ciência e nas descobertas, e lembram-nos daquilo que não devemos esquecer: foi o povo que sonhou este país. Foi o povo que construiu este pais e é o povo que está a tornar a América grande de novo”.

Democratas dizem presidência de Trump é o “caos” e “extremismo”

O Partido Democrático respondeu ao discurso do presidente com duas declarações, uma delas em espanhol com o objectivo de apelar ao eleitorado de língua espanhola.

Em resposta ao discurso do Presidente, o congressista Joseph Kennedy, neto de Robert Kennedy criticou asperamente o Presidente afirmando que o primeiro ano da presidência de Donald Trump “não foi mais” do que “caos” “partidarismo” e “política”.

Democratas respondem a Trump
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“Esta administração não está só a atacar as leis que nos protegem, está a atacar a ideia de que todos merecem protecção”, disse o congressista do partido Democrata.

Joseph Kennedy disse que o seu partido defende salários condignos, férias pagas e cuidados para as crianças e ainda reformas de um sistema de saúde para todos.

Joseph Kennedy junto da fotografia do presidente John Kennedy
Joseph Kennedy junto da fotografia do presidente John Kennedy

Kennedy disse que na história dos Estados Unidos “valentões (bullies)… nunca conseguiram derrotar a força e o espírito de um povo unido em defesa do seu futuro”.

Em espanhol Elizabeth Guzman legisladora na Câmara de Delegados do estado da Virgínia foi ainda mais dura afirmando que o Presidente Trump instituiu “uma agenda extremista que causa danos aos nossos valores nacionais e põe em perigo a segurança nacional”.

Guzman acusou o Presidente de “atacar as nossas famílias” com a sua poltica de imigração e “desrespeitar comunidades de cor, iniciando uma agenda de deportações em massa e insultando a herança de qualquer pessoa que não se pareça com ele”.

Elizabeth Guzmán
Elizabeth Guzmán

“Ele impôs uma proibição odiosa, imoral contra os nossos irmãos e irmãs muçulmanos”, disse Elizabeth Guzman.

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