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Na sombra da presidência congolesa - estratégias de Kabila, Bemba e Katumbi


Joseph Kabila, Jean-Pierre Bemba, Moïse Katumbi.
Joseph Kabila, Jean-Pierre Bemba, Moïse Katumbi.

As eleições na República Democrática do Congo aparentemente vão marcar o fim da era do presidente Joseph Kabila, na liderança do país rico em recursos naturais há cerca de 18 anos.

As eleições que estavam marcadas inicialmente para 23 de Dezembro foram adiadas para 30 de dezembro e poderá ser a primeira transição pacífica na história pós-colonial do Congo.

Mas muitos analistas têm dúvidas de que Kabila vá abandonar a política.

Em vez disso, eles prevêem que Kabila vai usar a sua influência nos bastidores – uma táctica que os seus rivais Jean-Pierre Bemba e Moise Katumbi, também adoptaram.


- Será que Kabila vai voltar? -

Kabila assumiu o poder aos 29 anos depois do seu pai e presidente Laurent-Desire, ter sido assassinado por um guarda-costas em 2001.

Joseph Kabila, actual presidente da RDC
Joseph Kabila, actual presidente da RDC

Depois das eleições, o plano é que Kabila deixe o poder e assuma o cargo vitalício de senador, uma posição oferecida a antigos presidentes.

Kabila tem sido vago em relação ao seu futuro mas, com 47 anos apenas, não parece que vá reformar-se.

Ele disse a jornalistas que "na vida, tal como na política, não coloca nada de parte”.

Disse também que o seu futuro politico estará mais claro em 2023 – o ano em que o país deverá realizar a próxima eleição presidencial.

Críticos dizem que Kabila planeia manter a cadeira quente através do successor que ele escolheu, o antigo ministro do Interior, Emmanuel Ramazani Shadary, um dos líderes na corrida presidencial.

Depois de 18 anos de poder, Kabila também criou uma rede de apoio militar, bem como uma plataformapolítica, a Frente Comum para o Congo, que no início do ano 2018 declarou Kabila “a sua autoridade moral”.

Supostamente, Kabila também tem grandes participações na economia do país, o que aumenta o seu potencial de influência. Uma investigação da Bloomberg de há dois anos revelou que a família de Kabila tem uma grande rede de negócios com interesses em todo Congo Democrático.

- Bemba: ex senhor da guerra -

O ex líder da milícia, Jean-Pierre Bemba, de 56 anos, tem sido uma marca no cenário político da RDC e um rival do clã Kabila durante anos.

Jean-Pierre Bemba, ex vice-presidente da RDC
Jean-Pierre Bemba, ex vice-presidente da RDC

Ele foi assistente de Mobutu Sese Seko, mas deixou o país depois do pai de Joseph Kabila ter destituído Mobutu em 1997.

Em 1998 ele formou o seu Movimento para a Libertação do Congo, uma milícia armada em oposição a Kabila sénior.

Bemba tornou-se vice-presidente num governo interino em 2003, mas em 2006 foi derrotado por Kabila junior na corrida às eleilções.Ele foi eleito ao Senado no ano seguinte

Em 2008, Bemba foi preso em Bruxelas, acusado de crimes de Guerra pelo Tribunal Penal Internacional devido às atrocidades cometidas pela sua milícia no país vizinho, República Centro Africana.

Em 2016, o TPI considerou-o culpado pelos crimes de guerra e crimes contra a humanidade, mas este ano a decisão foi revogada em recurso.

Mas outra acusação do TPI de suborno a uma testemunha impediu-o legalmente de se poder candidatar.

Bemba tem uma base ponderosa, especialmente do noroeste da RDC onde milhares de apoiantes receberam-no em Agosto.
Tal como Katumbi, Bemba tem apoiado Martin Fayalu, um deputado pouco conhecido e antigo executivo do ramo do petróleo que é o candidato rival de Shadary, o escolhido de Kabila.

- Katumbi: à espera do fim do exílio -

Moïse Katumbi, o empresário milionário também foi proibido de participar nas eleições de 30 de Dezembro.

Moïse Katumbi, ex governador de Katanga, província da RDC
Moïse Katumbi, ex governador de Katanga, província da RDC

Mas o empresário, de 53 anos, ainda pode contar influenciar o futuro da RDC através de Fayalu.

A sua base de apoio é Katanga, uma província do sul, rica em minerais, onde ele foi governador.

Depois de se desentender com Kabila, Katumbi tem vivido em exílio na Bélgica, desde Maio 2016. Ele foi condenado a três anos de prisão por fraude imobiliária – uma acusação que ele nega.

Em Janeiro, ele disse que iria candidatar-se à presidência, mas depois foi acusado de contratar mercenários e de cometer ofensas contra a segurança do estado.

Em Agosto ele foi proibido de entrar na RDC, quando queria ir ao país oficializar a sua candidatura.

Em Outubro, o caso foi enviado para o tribunalconstitucional – um processo que deverá levar meses.

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