O representante da ONU/SIDA em Angola, Michel Kouakou, teme que a próxima avaliação sobre a doença no país, dentro de três meses, venha a produzir números muito acima das 340 mil infecções actuais, tendo em conta as projecções para a região da África subsariana.
A preocupação do momento reside nos mais de 200 mil infectados sem tratamento, em grande medida devido à crise de antirretrovirais registada no início do ano.
Em entrevista à VOA no final de uma formação dirigida a organizações da sociedade civil que trabalham na prevenção da doença, na província de Benguela, Kouakou avançou que as projecções das Nações Unidas devem despertar as autoridades.
‘’É o nosso medo, e por isso mesmo pedimos que os Governos não deixe para trás o HIV/SIDA”, disse.
“ O estudo feito em Junho prevê mais 500 mil infectados nesta região de África, obviamente se nada for feito a tempo’’, acrescentou Kuakou para quem ‘’o ideal seria dar às pessoas três a seis meses de medicamentos para não terem de se deslocar ao hospital que não é um sítio seguro, é de infecções’’.
Em Junho do próximo ano, Benguela e duas outras províncias começam a beneficiar de um apoio do Fundo Global, extensivo ao combate à malária e à tuberculose, no quadro de uma parceria que prevê gastos de 82 milhões de dólares
O representante da ONU/SID disse que ‘’o Governo angolano custeia 70% dos antirrectrovirais”.
“O Fundo Global entra com 30 por cento, a grande parte é com o Governo, temos de reconhecer isso’’, accrescentou.
O consultor social João Misselo da Silva, membro do mecanismo de coordenação do FG, avança o objectivo do ciclo de treinamento que começou na última semana.
’’Pretendemos dar poderes às organizações sobre aspectos de liderança e gestão de projectos. Tudo isto para assegurar a implementação de projectos nas comunidades’’, explicou o consultor.
Dados disponíveis indicam que o HIV/SIDA em Angola mata uma média diária de 20 pessoas, o mesmo número de infecções registadas.