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"Não toquem no Zuma" dizem apoiantes do antigo Presidente sul-africano que não se entrega


Apoiantes de Jacob Zuma, junto da casa dele, em Nkandla, 3 de Julho de 2021
Apoiantes de Jacob Zuma, junto da casa dele, em Nkandla, 3 de Julho de 2021

Tribunal Constitucional deu um prazo até hoje para Jacob Zuma se entregar, mas aceitou um recurso entregue ontem

O antigo Presidente sul-africano Jacob Zuma deve falar ainda neste domingo, 4, a centenas de apoiantes que se encontram acampados em frente à residência dele, na sua cidade natal, Nkandla, para impedir que a polícia o detenha, como admitiu o Tribunal Constitucional (TC) quando determinou uma sentença de 15 meses por desacato à justiça.

Na terça-feira, 29, o TC deu um prazo até este domingo para que o antigo Presidente se entregue livremente, o que, segundo a agência AFP, Zuma não pretende fazer.

"Não toquem em Zuma", é o grito de muitos apoiantes com bandeiras e trajados com as cores do Congresso Nacional Africano (ANC) partido que foi liderado por Jacob Zuma, um militante anti-apartheid, que viveu exilado em Moçambique.

Em declarações àquela agência, Lindokuhle Maphalala, um dos apoiantes, alertou que se a polícia "vier aqui prender Ubaba (o pai, em língua zulu), terá que começar por nós".

Jacob Zuma chega ao tribunal em Joanesburgo, 17 de Julho de 2019
Jacob Zuma chega ao tribunal em Joanesburgo, 17 de Julho de 2019

Ontem, sábado, Jacob Zuma apelou ao TC para anular a sentença que considera excessiva, com a defesa a referir-se ainda que a setenção poderá colocar a sua vida em risco na prisão devido à Covid-19.

O tribunal aceitou o recurso, mas não se pronunciou.

O Comité Executivo do ANC deve pronunciar-se ainda hoje sobre a situação.

Ao decidir sobre uma queixa do painel que investiga as acusações de corrupção contra Zuma, ao qual o antigo Presidente não compareceu várias vezes, a juiza Sisi Khampepe escreveu que “este tipo de recalcitrância e desafio é ilegal e será punido" e lembrou que a sentença foi por maioria de votos e não é suspensa.

"Não tenho outra opção a não ser mandar Zuma para a prisão, na esperança de que isso envie uma mensagem inequívoca ... o Estado de Direito e a administração da justiça prevalecem”, reiterou a juiza lembrando que Jacob Zuma, como ex-Chefe de Estado, estava ciente da lei, mas colocou-se "em flagrante violação" de uma ordem judicial.

O painel contra a corrupção presidido pelo juiz Raymond Zindo, encarregue de investigar as acusações, embateu-se sempre com a recusa de Zuma em comparecer às audiências, o que fez pela primeira vez apenas em Julho de 2019, antes de encenar uma greve e acusar o juiz Zondo de parcialidade.

O antigo Presidente enfrenta separadamente 16 acusações de fraude, suborno e extorsão relacionadas a uma compra em 1999 de caças, barcos de patrulha e equipamento militar de cinco empresas europeias de armamentos por 30 bilhões de rands, o equivalente, na altura,a quase cinco bilhões de dólares.

A maior parte do suborno investigado pela comissão envolve três irmãos de uma rica família de empresários indianos, os Guptas, que ganhou contratos lucrativos com o Governo.

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