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Não há liberdade de imprensa em São Tomé e Príncipe, dizem analistas e profissionais


Sede da Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe
Sede da Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe

Cenário é descrito como sendo dominado pela auto-censura e ligações de jornalistas aos partidos políticos


A maioria dos jornalistas em São Tomé e Príncipe tem ligações a partidos políticos e a sociedade não confia nas suas matérias.

O retrato é feito por analistas, membros da sociedade civil e alguns jornalistas independentes, neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Carlos Barros Tiny , jurista e professor de direito no Liceu Nacional de São Tomé e que foi jornalista durante vários anos na Televisão São-tomense, afirma que o sector atravessa o pior momento da sua história.

“A maioria dos jornalistas tem interesses nos partidos políticos e tornaram-se profissionais deficientes. Os órgãos de imprensa estatais estão capturados pelo poder e tutelados verticalmente pelo Governo, o que não propicia a liberdade de imprensa”, diz o antigo jornalista, sublinhando que a muitos profissionais da imprensa estatal perderam credibilidade perante a sociedade.

Calos Barros Tiny lamenta ainda a passividade do Sindicato, da Associação dos Jornalistas e do Conselho Superior de Imprensa perante o descalabro do jornalismo.

A auto-censura é outra realidade e o jornalista Josimar Afonso encontra as suas razões.

“Há dirigentes e responsáveis que impõem esta auto-censura aos jornalistas e por ser uma prática reiterada muitos jornalistas submetem-se à ordem do chefe porque é sempre a voz do chefe que prevalece. Nós assistimos todos os dias nas redações actos grosseiros de violação da liberdade de imprensa”, conta o profissional da Rádio Nacional e correspondente da Agência Lusa em São Tomé e Príncipe.

Por seu lado, analista político Liberato Moniz também lamenta o descrédito da sociedade civil perante o desempenho dos jornalistas e critica a forma como o poder tem condicionado a liberdade de imprensa no país impondo ao jornalista trabalhos de propaganda política em detrimento de matérias de interesse nacional.

“É com muita tristeza que vejo os políticos com uma postura diferente quando estão fora do poder, mas quando assumem a governação passam a ser os maiores violadores da liberdade de imprensa”, conclui Moniz.

O Índice Mundial da Liberdade de Imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras divulgado nesta terça-feira, 3, não inclui São Tomé e Príncipe.

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