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Mulheres e raparigas, as principais vítimas do conflito em Cabo Delgado


Mulheres deslocadas devido à guerra em Cabo Delgado, Moçambique 11 de Novembro de 2021
Mulheres deslocadas devido à guerra em Cabo Delgado, Moçambique 11 de Novembro de 2021

Organizações e vítimas do conflito em Moçambique denunciam cenário de violações de direitos de todos os lados

As organizações que trabalham com mulheres no norte de Moçambique consideram que o terrorismo em Cabo Delgado tornou ainda mais degradante a situação das mulheres e das raparigas e apelam à união de esforços na protecção daquele grupo.

Elas acrescentam que, se antes da violência extrema a situação das mulheres e raparigas era preocupante, com o extremismo ela piorou e agora fogem da insurgência e sofrem de diferentes formas de violação dos seus direitos.

Cabo Delgado: Autoridades alertam para Violência Baseada no Género em campos de reassentamento
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A violência sexual, física, económica e a falta de oportunidades de continuar os estudos conformam o cenário na região descrito por organizações de defesa dos direitos das mulheres durante o Forum Regional Norte de Género, realizado nrecentemente na cidade de Nampula.

Biatriz Focos, da organização Amuleide, em Cabo Delgado, conta que para conseguir emo transporte de Palma para Pemba, “as mulheres sofreram muita violência e só engoliam, e as que conseguiram chegar a Pemba continuaram a sofrer violência”.

Muanassa Alberto é uma das vítimas da insurgência de Cabo Delgado e activista pelos direitos das mulheres.

Natural do distrito de Palma, ela afirma que as “mulheres e raparigas sofrem durante o conflito, são violadas e usadas e nas zonas de reassentamento vivem situações complicadas para obter o sustento”.

Além disso, Muanassa nota que “carregam traumas da guerra, principalmente por terem pedido tudo”.

“Por mês estamos a perder cinco a sete senhoras, é porque perderam tudo, têm traumas”, completa.

Uma rapariga reassentada no centro de corrane em Nampula, que pediu o anonimato, aponta dificuldades enfrentadas para ter documentos e conseguir um lugar na escola.

“Há gente há um ano sem documento... eu também fugi sem documento, e tratar os documentos não é fácil”, confirmoa.

Entretanto, a pesquisadora Edna Sidumo diz que a violência baseada no género aumentou com o conflito terrorista e dá como exemplo um dos maiores centros de acolhimento de deslocados, em Metuge, onde segundo ela, os “homens usam do seu poder e da sua força para descontar as suas frustrações dosconflitos nas mulheres mesmo sabendo que elas também são vítimas”.

Refira-se que o grosso das mais de 850 mil pessoas que fogem o extremismo violento em cabo Delgado é constituido por mulheres e crianças, que, segundo as organizações, todos os dias vivem situações de violação de seus direitos.

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