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Moçambique: Estudo revela que financiamento ilícito de partidos pode beneficiar crime organizado e terrorismo


Apoiantes do partido no poder em Moçambique em campanha pela Frelimo
Apoiantes do partido no poder em Moçambique em campanha pela Frelimo

Investigação do Centro de Integridade Pública diz que em nove anos a Frelimo, no poder, deixou de pagar cerca de 3 milhões de dólares em impostos devido a isenções fiscais

O Centro de Integridade Pública (CIP) acusa a Frelimo, partido no poder em Moçambique, de ser o maior beneficiário de financiamento político ilícito no país.

Com base num estudo centrado nas isenções fiscais que os partidos políticos beneficiam na importação de produtos diversos, o CIP indica que o Estado perdeu durante o período em análise mais de três milhões de dólares a favor de partidos políticos, com destaque para a Frelimo.

"Da amostra recolhida, no período de 2012 a 2021, o partido Frelimo importou mercadorias avaliadas em cerca de 7,6 milhões de dólares. Devia ter pago de impostos resultantes das importações, cerca de 3 milhões de dólares. Não o fez, pois beneficiou-se de isenções aduaneiras", disse Borges Nhamire, pesquisador do CIP.

Financiamento do terrorismo

O documento acrescenta que o negócio das isenções é de tal forma grande que atinge mesmo contornos criminosos.

"O financiamento político ilícito é uma realidade em Moçambique. Provêm de diversas fontes, tais como a manipulação do procurement público, de doações de empresários que buscam influência no Governo para realizar negócios e, mais grave, da economia ilícita, como o tráfico de drogas, contrabando de recursos naturais, evasão fiscal", indica o estudo, que de forma reiterada, foca-se na Frelimo.

"Os dados apresentados neste estudo representam apenas cerca de 10% do total das importações em nome do partido Frelimo ao longo do período em análise (2012-2021). Há risco de o dinheiro das isenções aduaneiras atribuídas ao partido Frelimo financiar o crime organizado… e terrorismo", aponta o CIP.

O documento também se refere à Renamo e ao MDM, na oposição.

Em reacção ao estudo, o director nacional adjunto da Autoridade Tributária, Duvário Mutuque, reconhece que o fenómeno de evasão ao fisco, de forma geral, é crítico e está fora do controlo das autoridades.

A Frelimo, maior acusada no estudo, não se quis pronunciar em torno do caso e remeteu qualquer reacção para "outra altura".

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