Links de Acesso

Morre Celina Pereira, uma das maiores cantoras cabo-verdianas


Celina Pereira, cantora cabo-verdiana
Celina Pereira, cantora cabo-verdiana

Cantora, contadora de estórias, educadora, “embaixadora” da cultura cabo-verdiana

Celina Pereira, uma das maiores cantoras cabo-verdianas, faleceu nesta quinta-feira, 17, em Lisboa, Portugal, onde residia há anos.

Ela morreu vítima de doença, aos 80 anos de idade.

Nome maiúsculo da cultura cabo-verdiana, Celina Pereira estava doente há algum tempo e a notícia da sua morte revelou consternação e muitas homenagens em Cabo Verde e na diáspora.

Cantora, contadora de estórias, educadora, “embaixadora” da cultura cabo-verdiana, Celina Pereira destacou-se pela sua forma muito peculiar de interpretar a morna, hoje partimónio mundial da humanidade, cujo processo de candidatura teve nela uma das principais impulsionadoras.

Natural da ilha da Boavista e neta de padre, filósofo, poeta, pintor e músico, Celina Pereira foi, aos seis anos de idade, para S.Vicente, acompanhando os pais, que aí fixaram residência.

Frequentadora, como os pais, da Igreja do Nazareno, cedo ela destacou-se como solista e integrou o orfeão da igreja.

De seguida, participou nos Serões para Trabalhadores no cinema Eden Park e, em 1968, a convite do grupo Ritmos de Cabo Verde teve a sua primeira actuação profissional, dando início a uma carreira de mais de 50 anos.

Em 1970 mudou-se para Portugal, para continuar os estudos e rapidamente passou a ser uma referência da diáspora cabo-verdiana e da sociedade portuguesa, com presença permanente na televisão.

Em 1979, gravou o single “Nha terra/Oh, boy” e em 1986 estreou-se com o seu primeiro álgum Força di Cretcheu.

Quatro anos depois, surge o disco “Estória, Estória… No Arquipélago das Maravilhas”, em 1993, lançou o álbum “Nós Tradição” e em 1998 deu corpo a “Harpejos e Gorjeios”,

Culta, investigadora, activista cultural, iniciou também uma série de duetos com artistas, como o fadista Carlos Zel e o brasileiro Martinho da Vila.

Fruto do seu trabalho investigativo, recuperou boa parte da tradição cultura do arquipélago perdida no tempo, como mazurcas, cantigas de casamento e mornas, cantigas de roda, lunduns, choros, lenga-lengas e toadas rurais.

De forma natural, lançou “Estória, Estória? do Tambor a Blimundo”, em 2004, um áudio-livro que resgatou o património expressivo das histórias e jogos de roda tradicionais africanos.

O seu derradeiro trabalho foi o livro "A sereia Mánina e os seus sapatos vermelhos", em 2018.

Reconhecida como um dos nomes maiores da cultura cabo-verdiana, nacionalista – era sobrinha de Aristides Pereira, um dos primeiros combatentes do PAIGC e primeiro Presidente da República - Celina foi galardoada em Cabo Verde e em Portugal.

Em 2003, recebeu a medalha de mérito (grau comendadora) do Presidente português, Jorge Sampaio, pelo seu trabalho na área da educação e da cultura cabo-verdiana e, em 2014, foi galardoada com o Prémio Carreira na quarta edição dos Cabo Verde Music Awards (CVMA).

Nota de curiosidade é que há nove anos morreu num 17 de dezembro, Cesária Évora, o nome mais conhecido da música cabo-verdiano.

XS
SM
MD
LG