O Ministério do Interior de Moçambique acusou as organizações da sociedade divil (OSC) e alguns cidadãos nacionais e estrangeiros de estarem a financiar a onda de manifestações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, devido ao que chama fraude eleitoral.
A acusação foi feita na noite de sexta-feira, 29, pelo vice-comandante geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Fernando Tsucana, numa comunicação proferida no final de uma reunião de emergência do Ministério do Interior, dirigida pelo ministro Pascoal Ronda, que analisou o impacto das manifestações.
"Estas manifestações estão a ser financiadas por organizações da sociedade civil e pessoas singulares, nacionais e estrangeiros de má-fé, com intensão de perpetuar o caos e subverter a ordem no país", disse Tsucana, na sua comunicação, sem revelar qualquer nome.
O balanço das autoridades aponta para dezenas de mortes, entre civis e agentes da polícia, destruição de sub-unidades policiais e viaturas da corporação, para além de saques e destruição de bens públicos e privados, por manifestantes que, segundo as autoridades, seguem o comando de Venâncio Mondlane.
Entretanto, este sábado, 30, dezenas de mulheres marcharam pela Avenida Eduardo Mondlane, em Maputo, para repudiar o atropelamento de uma jovem de 27 anos na quarta-feira. 27, por um carro blindado das Forças de Defesa e Segurança durante as manifestações.
"No dia 27, fui atropelada por quem devia proteger-me", dizia um cartaz empunhado pelas mulheres junto do local do atropelamento, cujas imagens chocantes foram captadas e divulgadas pela imprensa e nas redes sociais.
Enquanto a jovem continua a receber tratamento médico, o Ministério do Interior lamentou o ocorrido e assumiu total responsabilidade na assistência médica e psicossocial da vítima.
O departamento governamental disse em nota que a “viatura encontrava-se em missão de proteção de objetos económicos essenciais, limpeza e desbloqueio das vias de circulação, no âmbito das manifestações pós-eleitorais e fazia parte de uma coluna militar devidamente sinalizada".
A situação no país continua tensa depois do fracassado encontro entre o Presidente da República e os quatro candidatos presidenciais marcado para o dia 26, devido à ausência de Venâncio Mondlane, em virtude de o Governo não responder às suas exigências.
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