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Moçambique: Subiu para 10 número de civis decapitados em ataques a aldeias de Muidumbe


Edifício do Governo distrital de Muidumbe, Cabo Delgado, Moçambique. Abril 2020
Edifício do Governo distrital de Muidumbe, Cabo Delgado, Moçambique. Abril 2020

O número de civis decapitados em ataques de rebeldes subiu para 10, após serem encontrados mais seis corpos na sequência do assalto de grupos ligados ao Estado Islâmico a três aldeias de Muidumbe, na província moçambicana Cabo Delgado, na passagem de ano, disseram à VOA nesta sexta-feira, 6, várias fontes locais.

Os seis corpos foram encontrados ontem espalhados nas machambas - campos agrícolas onde se mantém escondida a população - em Nampanha, uma das aldeias onde já tinha sido descoberto outro corpo, do chefe da aldeia, na segunda-feira, 2, disse uma fonte local.

Outros três corpos foram encontrados igualmente na segunda-feira, sendo dois em Mamande, incluindo um elemento da força local, e o terceiro em Namacule, uma aldeia devastada após ter suas habitações, a maioria de construção precária, incendiadas e saqueadas por grupos armados, contou outra fonte local.

“Até hoje estão a localizar os corpos das pessoas mortas. Ontem (quinta-feira, 5) mataram outras pessoas que tinham saído de Matambalale para Nampanha para levar comida, às pessoas conseguiram entrar no interior da casa, mas não saíram porque os rebeldes estavam lá”, contou um morador na condição de anonimato.


Os grupos rebeldes intensificaram os seus ataques nos últimos dias, sendo os principais alvos aldeias dos distritos de Muidumbe, Nangade, Macomia e Mocímboa da Praia, e alguns ataques foram reivindicados pelo Estado Islâmico, através dos seus canais de propaganda.

Operação Vulcão IV

Entretanto, a população local testemunhou uma movimentação incomum de militares nacionais e estrangeiras, um dia depois da tropa moçambicana ter anunciado o lançamento de uma operação para desativação e destruição de bases terroristas no limite entre Muidumbe e Macomia, distritos do centro de Cabo Delgado alvo de incursões de grupos armados nos últimos dias.

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“As pessoas estão a fugir de um lado para outro. Uns se escondem de um lado, outros do outro lado (do rio Messalo)”, sendo que muitos estão a regressar para Mueda, supostamente para esperar a operação terminar, disse outro morador.

A operação, baptizada por Vulcão IV e que vai contar com as tropas estrangeiras que ajudam Moçambique há cerca de dois anos no combate ao terrorismo, visa “intensificar medidas de perseguição e destruição das bases terroristas do inimigo que aterroriza o norte do rio Messalo, distrito de Muidumbe, e o ocidente de Chai, no distrito de Macomia”, diz um comunicado do Ministério da Defesa Nacional (MDN).

A nova operação é continuidade da operação Vulcão I, realizada em Julho de 2022 e que culminou com a destruição da base Katupa, tida como esconderijo dos cabecilhas dos rebeldes no interior do distrito de Macomia, avança o documento divulgado na quinta-feira, 5, e consultado hoje pela VOA.

“É de destacar que a operação Vulcão IV, bem como as demais operações voltadas para a perseguição do inimigo, tem causado um impacto direto na defesa de Moçambique”, sublinha o MDN.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada que já deixou um milhão de deslocados, segundo o ACNUR, e cerca de 4.000 mortes, de acordo com o projeto de registo de conflitos ACLED.

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