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Moçambique: Dados oficiais confirmam vitória da Frelimo, contagem paralela tem outros números


Plataforma de observação eleitoral moçambicana, Sala da Paz
Plataforma de observação eleitoral moçambicana, Sala da Paz

Plataforma de observação conjunta Sala da Paz dá vitória a Renamo em Marromeu e aponta situações de violência e distúrbios.

Os resultados preliminares divulgados pelos órgãos eleitorais dão vitória à Frelimo na repetição total das eleições de domingo, 10, em Marromeu e parciais em Gurué, Milange e Nacala-porto, que registaram um nível recorde de abstenções, mas a contagem paralela da plataforma de observação conjunta Sala da Paz indica que a Renamo ganhou em Marromeu e a Frelimo nas restantes mesas de três autarquias onde decorreu a votação.

Dados de apuramento preliminar divulgados pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), a nível dos distritos, indicam que a Frelimo está em vantagem em Marromeu com 8.452 votos e colocam a Renamo como o segundo partido mais votado, com 6.104 e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) com 697.

A Revolução Democrática, composta por dissidentes da Renamo, obteve 154 votos.

Em Nacala- Porto a Frelimo está igualmente em vantagem com 3.150 votos, a Renamo com 221 votos, o MDM com 89 votos e a coligação Aliança Democrática, Nova Democracia e Olampa com seis votos cada, enquanto a Pahumo, Amusi e Revolução Democrática obtiveram três votos cada, segundo dados divulgados pelo STAE distrital.

Nas 13 mesas onde foi repetida a votação em Gurué, a Frelimo venceu com 1.681 votos, contra 853 da Nova Democracia, 146 do MDM e 86 da Renamo.

Dos 8.647 eleitores inscritos 5.775 não foram votar, e nas três mesas onde foi repetida a votação em Milange, a Frelimo está na frente com 363 votos.

Os resultados já foram contestados pelos cabeças de lista da Renamo em Nacala-porto, que as considera fabricadas.

Em Marromeu, o principal partido da oposição a nível nacional reivindica vitória e não reconhece o apuramento preliminar divulgado pelo STAE.

Sala da Paz tem outra leitura

Entretanto, a contagem paralela da plataforma de observação conjunta Sala da Paz dá vitória a Renamo em Marromeu nas 35 mesas (das 41 existentes) onde decorreu a votação, com Renamo 5.751 votos, seguido pela Frelimo com Frelimo 5.457 votos, MDM com 543 votos e por último a Revolução Democrática com 100 votos.

Dados divulgados pela plataforma no princípio da tarde desta segunda-feira, 11, avança que nas 18 mesas de votação em Nacala-Porto a Frelimo conseguiu 2.404, seguido da Renamo com 161 votos e o MDM 51.

O nível de abstenção é muito alto, devido à mobilização da Renamo para não se aderir a votação, após boicotar o processo.

Em Gurué a Frelimo também venceu com 62 por cento de votos, mas a abstenção ascendeu a 66 por cento, um recorde da ausência da população na votação.

Já nas três mesas de votação de Milange, igualmente com alto nível de abstenção, a Frelimo conseguiu 363 votos, a Renamo com 245 e o MDM com 8 votos. Mais de 1.700 eleitores não votaram.

Dércio Alfazema, da Sala da Paz, disse que os tumultos, agitação e violência “envolvendo sangue”, sobretudo em Gurué e Marromeu, terão contribuído para “alguns resultados que nós consideramos como sendo duvidosos” e anotou que o processo de repetição de eleições decorreu “sem nenhum controle e aparentemente sem direção”.

“Uma vez mais nós verificamos uma situação de retrocesso, e de incapacidade das nossas instituições particularmente ao nível dos órgãos de gestão eleitoral, para conduzir um processo eleitoral”, sublinhou Dércio Alfazema em conferência de imprensa sobre o balanço da votação, na qual realçou que a repetição das irregularidades e situações mais graves que das anteriores eleições “agridem a democracia”.

Distúrbios e violência

Aquele observador e analista político referiu que nesta votação voltaram a registar-se situações de “violência que envolveram sangue, tiros e uso de gás lacrimogéneo pela Polícia, tendências ou tentativas de introdução de boletins de votos a mais, boletins de votos que circulavam fora do circuito normal”, além de importação de eleitores de outras cidades vizinhas e impedimento de observação.

“Como sociedade civil, nós estamos preocupados pois este processo de repetição da votação que decorreu dia 11 de Dezembro, foi em termos de irregularidade uma autêntica cópia e até com algumas situações mais graves daquilo que acompanhamos nas eleições do dia 11 de Outubro”, concluiu Alfazema.

Outra ativista e observadora da Sala da Paz, Felicidade Zunguze, observa que nestas eleições o boicote da Renamo em Nacala-porto teve grande impacto na afluência dos eleitores e que, apesar das ameaças de manifestação, as eleições decorreram de forma calma.

Entretanto, em Marromeu houve tumultos, agitação, tensão e violência durante a “repetição problemática, não transparente e com violação da lei”.

Em Gurué houve tiroteios e baleamento de cinco cidadãos na escola secundária de Gurué e igualmente uma elevada presença de todas unidades da Polícia nas assembleias de voto.

Em algumas escolas, sem energia elétrica, o processo de contagem de votos recorreu a candeeiros.

Milange registou o maior nível de abstenção, mais de 1700 não votaram.

A decisão de repetir eleições nos quatro municípios foi tomada pelo Conselho Constitucional (CC) depois de não validar os resultados de 11 de outubro por irregularidades.

Nos demais 61 municípios cujos resultados foram validadas pelo CC, a Frelimo venceu 56, a Renamo quatro e o MDM um.

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