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Milhares pedem renúncia do Presidente do Mali e ameaçam com desobediência civil


Vista aérea da manifestação em Bamako na sexta-feira, 19.
Vista aérea da manifestação em Bamako na sexta-feira, 19.

Milhares de pessoas exigiram ao Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, que renuncie ou que se prepare para enfrentar uma revolta civil, apesar de algumas concessões políticas feitas recentemente em resposta à crescente frustração dos cidadãos frente às várias crises no país.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pede contenção.

Pela segunda vez em duas semanas, representantes de vários grupos políticos e ativistas de direitos humanos encheram a histórica Praça da Independência de Bamako, na capital,na sexta-feira, 19 à noite, para exigir uma resposta à carta enviada ao Presidente em que exigem que Keita, conhecido como IBK, deixe o poder.

Reeleito em 2018 para um segundo mandato de cinco anos, Keita enfrenta uma forte instabilidade isâmica no norte do Mali, a epidemia do novo coronavírus, uma greve de professores e tensões políticas.

"Decidimos manter a mobilização de todas as forças do país até à renúncia do Presidente", disse o opositor Cheick Oumar Sissoko, num discurso em que defendeu a desobediência civil e a ocupação de locais estratégicos se o Presidente não renunciar.

Após a primeira manifestação, a 5 de junho, o Presidente aceitou fazer algumas concessões, entre elas a criação de um Governo de unidade nacional, mas os manifestantes exigem mesmo a renúncia de Keita.

Neste sábado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, "pediu aos líderes políticos do Mali que enviem mensagens claras aos seus partidários para que exerçam o máximo de contenção e evitem qualquer ação que provoque tensões", revelou Farhan Haq, porta-voz adjunto do secretário-geral.

Uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) chegou a Bamako na quinta-feira, 18, para tentar mediar negociações entre os dois lados.

O Mali, produtor de ouro e algodão, enfrenta desde 2012 ataques de radicais islâmicos no norte do país, tendo os rebeldes conquistado parte da região.

Forças francesas ajudaram a recuperar grande parte da região, mas os ataques de grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico continuam a alimentar tensões intercomunitárias, apesar da presença de milhares de soldados das Nações Unidas.

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