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Milhares de elefantes vão chegar a Angola mas teme-se pela sua segurança


Caça furtiva é ainda grande ameaça. Em Março deste ano as autoridades do Vietnam anunciaram a apreensão de sete toneladas de marfim oriundo de Angola

A decisão do Botswana de enviar para Angola 8.000 elefantes está a levantar preocupações que o país possa não ter a capacidade de garantir a sua segurança face à contínua presença de caçadores furtivos em busca das suas valiosas presas de marfim.

O anúncio do envio dos elefantes foi feito na semana passada no final de uma visita do presidente angolano João Lourenço ao Botswana.

Botswana quer oferecer milhares de elefantes a Angola mas há duvidas que se possa evitar a caça furtiva – 3:02
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Os elefantes vão repovoar os parques nacionais de Cameia, Mavinga e Luiana e o Botswana também se predispôs a partilhar a sua experiência na área do ecoturismo no desenvolvimento do Projeto KASA, do Delta de Okavango.

Para o Presidente angolano “com elefantes nos parques, acreditamos que a atração de turistas estará garantida.

Uma fonte do Ministério do Ambiente disse, à Voz da América, tratar-se do regresso de espécies que se refugiaram naquele país durante a guerra civil e devido à caça furtiva.

A fonte, que preferiu não ser identificada, precisou que neste momento está uma comissão especializada a tratar do processo de repatriamento de várias espécies de animais e das condições da sua segurança no país, tendo já chegado um grupo de girafas ao parque do Iona, na província do Namibe.

O ambientalista, Vladimir Russo, adverte para a existência de minas terrestres e da persistência da caça furtiva na região do Cuando Cubango que pode colocar em perigo os animais que retornam ao país.

“Estamos a falar de animais que virão ao país usando as rotas migratórias e não por via aérea”, disse.

O também ambientalista, Bernardo Castro, chama a atenção para a necessidade de o país garantir condições de segurança dos animais contra a caça furtiva e para a protecção do seu habitat natural “cujo processo de fiscalização e controlo pouco se conhece”.

Para o diretor interino da ADRA-Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente, Anivaldo Pena, o processo de repovoamento deve ser gradual por causa do ecossistema que precisa de ser renovado .

Ele defende “estudos para esta altura, entre especialistas de Angola, Namíbia e do Botswana, (que) devem ser feitos no sentido de vermos o equilíbrio que se pode ter, a proporcionalidade que se deve ter entre os animais a repovoar e a capacidade da vegetação para os elefantes que têm altos consumos de plantas”.

Aquele especialista considera também necessário “trabalhar com as comunidades no sentido de criar uma consciência de proteção do meio ambiente.”

Os elefantes continuam a estar à mercê da caça furtiva, cada vez mais activa na região do Cuando Cubango, Moxico e Bié por causa do marfim muito procurado por traficantes asiáticos.

Elefangtes mortos por caçadores furtivos (Foto de arquivo)
Elefangtes mortos por caçadores furtivos (Foto de arquivo)

A título ilustrativo, em Março deste ano as autoridades do Vietnam anunciaram a apreensão de sete toneladas de marfim oriundo de Angola, descrito como"o maior carregamento deste tipo interceptado nos últimos anos”.

Presas de elefantes e de rinocerontes (Foto de arquivo
Presas de elefantes e de rinocerontes (Foto de arquivo

A caça ilegal forçou a fuga de milhares de elefantes, espécies que nos anos que se seguiram ao fim do conflito armado haviam voltado aos parques do Cuando Cubango que oferece condições naturais de acolhimento devido ao delta do rio Cuando e a exuberante vegetação.
Informações disponíveis revelam que antes da independência do país o parque de Luiana, por exemplo, era protegido por cerca de 100 guardas florestais que dispunham de meios, adequados à época, como jeeps, aparelhos de comunicação espalhados pelas várias coutadas de caça.

Em 2019 o governo tinha anunciado que os parques nacionais seriam geridos por ambientalistas norte-americanos e sul-africanos , por um período de 20 anos sem envolver custos financeiros para o Estado, numa primeira fase, fruto de um acordo firmado entre o Ministério do Ambiente e entidades vocacionadas à preservação ambiental.

Em Angola, existem seis parques nacionais, além de sete outras reservas naturais cobrindo uma área de 82 mil quilómetros quadrados, o que corresponde a cerca de 6.6 por cento do território nacional.

Os oito parques nacionais de Angola são: Quiçama, Cangandala, Bicuar, Iona, Cameia, Mupa, Mavinga e Luengue Luiana.

Angola é um dos países com maior biodiversidade da África, abrigando 6.650 espécies de plantas, 227 espécies de répteis, 275 espécies de mamíferos, incluindo a Palanca Negra gigante e o Mabeco (cão selvagem), 78 espécies de anfíbios e 915 espécies de aves.

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