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"Mesmo com ameaças e perseguições não vou abandonar o país", diz Dito Dali


Activista foi condenado a seis meses de prisão por injúria e ofensas corporais
Activista foi condenado a seis meses de prisão por injúria e ofensas corporais

“Mesmo com ameaças e perseguições não vou abandonar o país”, é como o activista angolano Benedito Jeremias, conhecido por Dito Dali, reage à pena de seis meses de prisão convertidos em multa pelo Tribunal Provincial de Luanda por crimes de injúria e ofensas corporais contra agentes da Polícia Nacional (PN).

Dito Dali, um dos 17 revús detidos em 2015 por tentativa de golpe de Estado, foi preso em Abril quando protestava contra a prisão de outro colega do grupo, Arante Kivuvu, que, por sua vez, participava numa manifestação em Telatona, Luanda, contra a ocupação ilegal de terrenos de uma família na província de Kwanza Sul.

Na altura, Dito Dali terá acusado o comandante da PN de ter detido os activistas para subir de patente e, segundo um agente que o denunciou à justiça, teria ofendido os polícias.

Num breve comentário à sentença proferida pelo Tribunal Provincial de Luanda no passado dia 7 à VOA, o activista limitou a assegurar que apesar do aumento de “perseguições e detenções de vários activistas nos últimas duas semanas em Angola, não vai abandonar o país nem deixará de lutar por uma nação mais justa”.

Dito Dali, que pagou os 165 mil kwanzas (cerca de 500 dólares), nos quais foram convertidos os seis meses de prisão, é o terceiro do grupo dos 17 revús detidos nas últimas semanas em Angola.

Além dele e Arante Kivuvu, Hitler Samussuku também foi detido por seis agentes do Serviço de Investigação Criminal no passado dia 10, juntamente com a mãe, depois de ter publicado um video nas redes sociais, no qual ele advertiu João Lourenço para as prisões de activistas, “as nossas tropas”, lembrando que eles enfrentaram José Eduardo dos Santos, enquanto Lourenço, segundo suas palavras, “não é nada”.

Hitler foi libertado na segunda-feira, 13, com a condição de que fique à disposição das autoridades judiciais para responder num processo em que é acusado de ultraje ao Presidente da República.

Na sexta-feira, 17, a Human Rights Watch (HRW) apelou às autoridades angolanas a investigarem suspeitas de abusos policiais na detenção de Hitler Samussuku.

Em nota colocada na página daquela organização de defesa dos direitos humanos, a subdirectora para África da HRW, Ida Sawyer, escreveu que “os maus tratos da polícia angolana a ‘Samussuku’ Tshikonde foram ilegais e um sinal de que o Governo não tolerará dissidências pacíficas”, e defendeu que “a conduta dos polícias deve ser investigada e os envolvidos responsabilizados",

Refira-se que alguns activistas, entre eles membros dos 17, encontram-se fora de Angola por temor de represálias.

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