O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse nas Nações Unidas haver duas visões da realidade universal, uma minilateralista e ou multilateral, defendeu a reforma das Nações Unidas, com a presença do Brasil e do continente africano no Conselho de Segurança, destacou o papel crescente da União Africana e manifestou-se confiantes na eleição legislativa na Guiné-Bissau em Novembro.
Ao discursar na Assembleia Geral da ONU nesta quarta-feira, 26, Rebelo de Sousa explicou que uma visão “é uni ou minilateral, protecionista, com discurso interno eleitoralista, minimizadora do multilateralismo”.
A outra visão, seguida por Portugal, “é multilateral, aberta, favorável à procura da governação global, empenhada no desenvolvimento sustentável, olhando para o Direito Internacional, a Carta e os Direitos Humanos como valores e princípios e não como meios ou conveniências.”
Rebelo de Sousa acrescentou não entender “a visão unilateral, bem como o desinvestimento nas organizações internacionais”, que para ele, “representam uma falta de visão política, que corre o risco de repetir os erros de há quase cem anos”.
Para ele, “visões de curtíssimo prazo, por muito apelativas que pareçam ser, constituem um fogo-fátuo, que não dura, não durará, e não resolverá os verdadeiros problemas do mundo”.
Num discurso em que destacou o papel desempenhado pelo secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, que diz o seu país apoia, Rebelo de Sousa pediu, uma vez mais a reforma da ONU.
“Manter a situação actual é uma forma de esvaziar o multilateralismo e multiplicar riscos, conflitos, subdesenvolvimento e violação dos direitos humanos. Assim como não reformar o Conselho de Segurança, com consenso alargado, é ignorar a geopolítica do século XXI, que exige, pelo menos, a presença do continente africano, do Brasil e da Índia.
O Presidente português enumerou a cooperação entre o seu país e a ONU, em particular as missões de paz em África, abordou a necessidade de prevenir conflitos combater o terrorismo e os crimes internacionais, combater as mudanças climáticas e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Na sua intervenção de pouco mais de 15 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se também à nova dinâmica da CPLP e ao papel cada vez mais activo da União Africana e disse ter ficado contente com os passos para a realização de eleições na Guiné-Bissau.
A defesa do Português como língua de trabalho da ONU não ficou de fora da intervenção de Rebelo de Sousa, que ainda pediu uma solução negocial e definitiva para a questão da Palestina, com dois Estados, e outra liderada pela ONU para o Iémen.