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Mali: peritos sugerem dois anos de transição


Forças segurança dispersam com gás lacrimogénio malianos que congregaram em frente ao local da conferência sobre transição para governo civil (Bamako, 10 Setembro 2020)
Forças segurança dispersam com gás lacrimogénio malianos que congregaram em frente ao local da conferência sobre transição para governo civil (Bamako, 10 Setembro 2020)

Especialistas constitucionais nomeados pela junta militar do Mali propuseram, esta sexta-feira, um governo de transição de dois anos liderado por um presidente escolhido pelo exército, desafiando os apelos do bloco económico da África Ocidental CEDEAO para eleições dentro de um ano.

O texto foi submetido a centenas de participantes em um fórum de três dias a decorrer em Bamako com o objetivo de mapear um caminho a seguir para este conturbado país.

As recomendações dos especialistas surgiram no segundo dia de negociações sobre uma transição.

CEDEAO deu à junta governante até terça-feira para nomear um presidente de transição e primeiro-ministro.

Em uma "carta da transição" de oito páginas, os especialistas escreveram que um período de transição de 24 meses era necessário "à luz da complexidade, gravidade e profundidade estrutural da crise do Mali".

Segundo a proposta de um governo de transição, o presidente seria uma "personalidade civil ou militar".

As recomendações ainda não foram formalmente aprovadas pelos representantes do Comité Nacional de Salvação Popular (CNSP), lideranças políticas e grupos da sociedade civil que participam das conversações, que terminam sábado.

Alguns líderes políticos do Mali insistiram, junto com a CEDEAO, que o presidente interino é um civil, mas o documento indica que pode ser um soldado ou civil.

O candidato deve ter entre 35 e 75 anos e não será elegível para ser eleito no final da transição, ainda segundo a proposta.

As negociações marcam a segunda ronda de discussões entre os jovens oficiais que derrubaram o presidente Ibrahim Boubacar Keita, a 18 de agosto e representantes civis, muitos dos quais haviam feito campanha para que ele renunciasse.

A junta, poucas horas após o golpe, prometeu restaurar o governo civil e organizar eleições dentro de um "prazo razoável".

Mas muitos participantes do fórum estão divididos sobre questões como quanto tempo um governo de transição deve durar e que papel o exército deve desempenhar.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) formada por 15 nações, insistiu que a junta entregasse o poder em 12 meses.

Mahmoud Dicko, o influente imã visto como a figura de proa do Movimento 5 de junho, que empreendeu uma campanha de protesto contra Keita, também apoiou um rápido retorno ao governo civil.

Gana vai acolher uma mini-cúpula de líderes da CEDEAO na próxima terça-feira. A organização regional não disse o que fará se suas demandas não forem atendidas até essa data

A conferência em Bamako termina amnahã, sábado.

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