Uma médica angolana está detida desde quarta-feira, 18, por ter divulgado, na rede social whatsapp, um áudio em que dá a conhecer um caso positivo de coronavírus, relativo ao cidadão chinês internado no Hospital Geral de Benguela, soube a VOA de fonte ligada à Investigação Criminal.
Este suposto caso positivo, descartado já pelas autoridades sanitárias, terá sido analisado numa reunião, à porta fechada, que juntou chefes da maior unidade hospitalar da província, conforme o áudio divulgado pela própria médica, Manuela Adão.
‘’Trabalha na maior loja chinesa cá do município de Benguela, veio há três semanas de férias na China. Durante este tempo, trabalhou, ele atende no caixa, foi feito teste e parece que o resultado deu positivo’’, salienta a médica.
A defesa de Adão não comenta, mas o jurista Chipilica Eduardo fala em detenção sem fundamento, já que não é tipificado o crime.
‘’Não existem indícios criminais que justifiquem a privação da liberdade, neste caso nos parece existir abuso, é um acto intimidatório aos médicos’’, explica o jurista.
Por esta razão, a Ordem dos Médicos pondera avançar com medidas drásticas, segundo o seu secretário provincial, Edgar Bucassa, numa declaração feita à Rádio Ecclésia de Benguela.
‘’Muitas insuficiências neste processo, por isso podemos fazer manifestações ou decretar greve. Isso podia ter acontecido com qualquer um de nós, não é a melhor altura para intimidações’’, adverte o Bucassa.
O diretor do Gabinete Provincial de Saúde, Manuel Cabinda, diz que não reage a casos de justiça, mas aproveita a ocasião para reafirmar que não há coronavírus em Benguela.
‘’O sistema de vigilância epidemiológica notificou os casos suspeitos, e os resultados foram negativos, incluindo deste chinês. Portanto, não há covid-19 em Benguela’’, assegura Cabinda
A VOA tentou ouvir a versão do Ministério do Interior sobre o crime em causa, mas sem sucesso.