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Lourenço condena golpes de Estado e diz ser chocante a disparidade no acesso a vacinas


João Lourenço, Presidente angolano, discursa na Assembleia Geral da ONU, 23 de Setembro de 2021
João Lourenço, Presidente angolano, discursa na Assembleia Geral da ONU, 23 de Setembro de 2021

Em discurso da Assembleira Geral das Nações Unidas denuncia e regresso do mercenarismo e pede respostas da comunidade internacional

O Presidente angolano exigiu uma nova postura da comunidade internacional ante os conflitos actuais, com destaque para alguns que persistem em África, condenou os golpes de Estado e pediu que as acções passem de simples declarações de condenação dos governos.

Ao discursar na Asembleia Geral das Nações Unidas nesta quinta-feira, 23, em Nova Iorque, João Lourenço denunciou o que chamou de "regresso do mercenarismo" promovido por “forças poderosas” e defendeu a quebra de patentes das vacinas para que cheguem a todo o mundo.

“Preocupa-nos, sobremaneira, a alteração da ordem constitucional que se regista amiúde em países africanos com recurso à força militar, na medida em que estes actos inconstitucionais não têm merecido uma reacção adequada e suficientemente vigorosa da comunidade internacional, no sentido de desencorajar esta prática a todos os títulos reprovável, a exemplo do que assistimos no Mali e, mais recentemente, na Guiné”, afirmou Lourenço, quem instou a comunidade internacional a actuar “com tenacidade" e não apenas "declarações de condenação, por forma a forçar os actores de tais actos a restituirem o poder aos órgãos legitimamente instituídos”.

O Presidente angolano disse que não se pode “continuar a permitir que exemplos recentes como os da Guiné e outros prosperem em África e em outros continentes” e, sendo assim, a Assembleia Geral é para ele “uma grande oportunidade para os Chefes de Estado e de Governo aqui reunidos exigirem, em uníssono, a libertação imediata e incondicional do Presidente da República da Guiné, o Professor Alpha Condé”.

João Lourenço acrescentou que há que “continuar a acreditar nos mecanismos de que as Nações Unidas dispõem para construir, no quadro do multilateralismo, soluções que garantam de forma sólida e perene a paz e a segurança mundial”.

Regresso do mercenarismo

A actuação de extremistas armados no Sahel, na República Democrática do Congo, em Moçambique e noutras regiões do planeta, que obriga, a comunidade internacional a mobilizar-se continuamente para reforçar a capacidade de resposta “a esta atividade perigosa que atenta contra a estabilidade social e económica dos países visados”, preocupa Lourenço, que preside a Conferência Internacional par aa Região dos Grandes Lagos.

Num discurso pautado pelos problemas de segurança a nível internacional, com enfoque em África, o Presidente angolano disse que “lamentavelmente, assistimos ao regresso do mercenarismo, com o recrutamento a partir de qualquer parte do mundo de profissionais sem exército, pagos para matar, para desestabilizar países, para depor políticos e regimes democraticamente eleitos mas incômodos, fenómeno antes fortemente condenado e combatido mas hoje infelizmente encorajado e alimentado por forças poderosas que se escondem no anonimato”.

O exemplo de Angola na resolução de conflitos, lembrou Lourenço, tem sido levado a outros países e regiões, por isso, é possível encontrar soluções.

Para o Presidente angolano, “as Nações Unidas, a União Africana e de uma forma geral a comunidade internacional, devem encorajar as autoridades etíopes a encontrar os melhores caminhos para pôr fim ao conflito na região do Tigray, afastando a ameaça de uma catástrofe humanitária, antes que possa ganhar contornos mais graves e seja tarde demais”.

Chocante disparidade na vacinação

Na abertura do seu discurso, abordou as consequências da pandemia e revelou que o seu Governo foi, no entanto, capaz, de agir atempadamente “para conter a expansão da contaminação a uma escala que nos permitiu manter os níveis de contágio dentro dos limites da capacidade de resposta das nossas estruturas de saúde”.

No entanto, disse ser “chocante constatar-se a disparidade existente entre umas nações e outras, no que respeita à disponibilidade de vacinas, pois estas diferenças permitem, em alguns casos, administrarem-se já terceiras doses, enquanto noutros, como ocorre em África, a larga maioria das populações não está vacinada sequer com a primeira dose”.

João Lourenço defendeu, por isso, “que sejam discutidas e aprovadas pelas Nações Unidas decisões favoráveis à liberalização do regime das patentes de produção de vacinas para que seja possível a sua fabricação por um número cada vez maior de países, tornando-as mais acessíveis para todos”.

O Presidente angolano pediu também uma acção conjunta de todos para enfrentar as mudanças climáticas que, segundo ele, ameaçam a todos.

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