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Angola: Custos e tecnologia limitam literatura infantil


Livros há muitos mas para crianças há poucos
Livros há muitos mas para crianças há poucos

A produção de obras literárias para crianças em Angola marca passos lentos


Diferente de outros sectores da vida pública a produção de obras literárias para crianças em Angola marca passos lentos dia após dia, devido a alguns condicionalismos que se impõem num país em que não há incentivo para artes e o preço do livro é dez vezes superior ao do pão.
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Isto tem de certa forma tem obstruído a criatividade dos artistas, sobretudo para os escritores de literatura infantil.

Nos últimos dez anos poucos são os escritores que se dedicam à literatura infantil, em consequência menos livros ficam à disposição das crianças e mais distante ficam os mais pequenos das obras literárias.

Jorge Marques Bela é escritor de livros infantis, Professor de profissão e Deputado à Assembleia Nacional. O Consagrado escritor de pseudónimo literário Jhon Bella, diz que o actual contexto literário angolano é presenteado com um reduzido número de publicações e um irrisório número de escritores deste ramo das letras. Para ele o momento crítico da literatura infantil angolana tem sido proporcionado pela falta de incentivo e de condições de acesso fácil às obras literárias.

O escritor e parlamentar pela bancada do MPLA destaca algumas actividades realizadas com vista a criação do gosto pela leitura nos mais pequenos que nos últimos três anos têm estado a se expandir para além da capital angolana. O Jardim do Livro infantil, as feiras de livros, a criação de bolsas e distintos prémios de literatura são os exemplos apontados por Jhon Bella condicionados por factores conjunturais.


Falta de incentivo e de iniciativas

Comparativamente com outras realidades em termos de tiragem de obras para crianças e incentivo ao gosto pelas letras, a Promotora e escritora de literatura infantil Yola Castro diz que muito ainda há por se fazer e fala do contributo do escritor para mudança de mentalidade dentro de uma sociedade como a angolana, principalmente para os menores.

A promotora literária aponta a falta de iniciativas e de projectos estruturantes neste sentido por parte do ministério da cultura e da educação o que se reflecte, no seu entender, medo das editoras em apostar nos escritores que se dedicam a este ramo da literatura.

Jhon Bella assegura que apesar do rumo que as coisas tomam não ser o pretendido, nem tudo está mal e aponta algumas iniciativas dos órgãos do estado que visam a valorização das letras em Angola, embora ainda seja irrisório o incentivo financeiro às editoras, conclui o escritor.

A também professora de Literatura Infantil Yola Castro aponta a falta de projectos para o relançamento de novos amantes das letras no mercado cujos trabalhos são maduros.

Desde 2009 o Instituto Nacional das Indústrias Culturais (INIC) e outras organizações tem vindo a desenvolver um projecto de colecção e comercialização de livros infantis em feiras a baixo preço. Mas, muitas vezes não tem tido sucesso, ressalta a escritora que já colocou no mercado doze obras literárias para crianças.

A autora de diversos títulos para pequenos salienta a falta de promoção de livros e o pouco interesse tanto dos encarregados de educação, como das instituições de ensino. Yola Castro apela a um trabalho conjuntural.

O preço dos livros nem sempre justifica a falta de interesse dos menores pelas obras.

Jhon Bella concorda com Yola Castro que julga não ser o preço dos livros o principal obstáculo para aquisição e incentivo ao gosto pela leitura aos pequenos, uma vez que a realidade angolana mostra que tem sido mais fácil para alguns encarregados de educação a aquisição de materiais tecnológico da última geração para oferecerem aos menores ao invés de um livro.

As tiragens apresentam-se como desafios à literatura.

Yola castro aponta como preocupações fundamentais, além das já citadas, o número reduzido de tiragens. Associada a esta situação está também a falta de apoio empresarial para satisfação desta necessidade intelectual das crianças.

Há que se ter cuidado com o sentido pedagógico do conteúdo dos livros. É preciso que haja acutilância dos críticos literários.

John Bella mostra-se preocupado com o conteúdo e com o lado didáctico-pedagógico das obras literárias para crianças.

Para o Membro fundador da brigada Jovem de Literatura, algumas publicações têm conteúdos que não correspondem à necessidade educativa que se pretende com os livros. Neste sentido o autor da obra As lágrimas do Rei-sol, deixa um apelo aos professores, pais e encarregados de educação, bem como aos críticos literários angolanos.

José Luís Mendonça é Jornalista e escritor angolano com um forte pendor para poesia, escreve desde a década 80. O autor de Chuva Novembrina diz que o problema da literatura em Angola está ligado a falta de crítica literária.
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