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Líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo declara cessar-fogo unilateral e anuncia negociações


Mariano Nhongo, líder dos guerrilheiros da Renamo contra Ossufo Momade
Mariano Nhongo, líder dos guerrilheiros da Renamo contra Ossufo Momade

Mariano Nhongo diz que equipa de negociadores dele está pronta para encontro com Governo na segunda-feira, 28.

O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, declarou um cessar-fogo unilateral nesta quarta-feira, 23, colocando fim a ataques armados em estradas e aldeias do centro de Moçambique, para viabilizar um novo esforço de negociações de paz com Maputo.

Nhongo anunciou negociações na segunda-feira, 28, com o Governo e embaixadas.

“Já passou uma semana, não há estrondos, eu mandei paralisar os meus militares para não atacarem mais”, disse Nhongo, em entrevista exclusiva à VOA, algures do seu esconderijo, salientando que “o que ficou é tomar uma cerveja” com a polícia e o exército, em alusão à cessação de confrontos militares com as Forças de Defesa e Segurança.

O cessar-fogo, prosseguiu aquele dissidente do principal partido da oposição, resulta do consenso alcançado no diálogo telefónico que manteve, na semana passada, com o enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni, tendo já constituído a sua equipa que vai negociar com o Governo.

Negociações

“Já organizei a minha comissão de negociações, cinco homens estão preparados, o que falta é o Governo e as embaixadas decidirem onde vão se encontrar com esses homens”, na próxima segunda-feira, 28, precisou Nhongo, para quem “já terminou a guerra”.

“Eu estou a apelar ao Governo e às embaixadas para terminarmos com a guerra e entrarmos nas negociações para o povo moçambicano andar livre”, insistiu Mariano Nhongo, que denuncia a perseguição dele e dos seus seguidores.

O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo,disse que helicópteros estavam a sobrevoar baixo uma zona onde continuam entrincheirados os guerrilheiros apoiantes do grupo, depois dos aviões terem “bombardeado garimpeiros”, no final de novembro, quando foram confundidos com os guerrilheiros dissidentes.

“Eu estou a admirar (o sobrevoo dos helicópteros) enquanto acabei de conversar com Mirko Manzoni, porque outra vez a perseguição?”, perguntou o antigo estratega militar do fundado da Renamo, Afonso Dhlakama, adiantando que tem estado a trocar com frequência os esconderijos por temer pela vida.

Amnistia

Na terça-feira, 22, o Presidente da República anunciou que as Forças de Defesa e Segurança capturaram três homens próximos do Nhongo, um dos quais era seu assistente de campo.

Entretanto, o líder dissidente disse que não vai retaliar a captura dos seus homens, mas, sim, negociar com o Governo uma amnistia àqueles que estão.

“É preciso tirá-los (da cadeia) para nós negociarmos porque já não haverá guerra”, frisou Mariano Nhongo, para quem o “Governo deve mandar parar as suas forças, como eu mandei parar, para nós entrarmos em negociações”.

A autoproclamada Junta Militar da Renamo é acusada de realizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e aldeias nas províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que causaram a morte de em pelo menos 30 pessoas desde agosto do ano passado.

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