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Trinta e nove mortos em confrontos inter-étnicos no Quénia


Polícias quenianos patrulham por entre os escombros das casas de aldeões destruídas pela violência inter-étnica desta Sexta-feira no Delta do Tana, situado no sudeste do país
Polícias quenianos patrulham por entre os escombros das casas de aldeões destruídas pela violência inter-étnica desta Sexta-feira no Delta do Tana, situado no sudeste do país

Disputas pela terra e água estão na origem de um conflito inter-étnico que já causou a morte de mais de uma centena de pessoas

A Cruz Vermelha do Quénia anunciou que 39 pessoas foram mortas hoje na região do Delta do Tana, em confrontos entre comunidades étnicas no leste do país.

O correspondente da VOA, Gabe Joselow reporta que a violência inter-comunitária na província costeira acaba por ser o último recurso, e os responsáveis consideram-na de politicamente motivada.

A violência teve o início esta manhã quando membros da comunidade Pokomo, armados de armas e zagaias, atacaram os residentes Orma na aldeia de Kipao.
A porta-voz da Cruz Vermelha queniana, Nelly Muluka diz que equipas protecção de desastres foram enviadas para zona.

“Foi na noite passada que recebemos uma chamada, e isso foi por volta das 4 da manha e neste momento, enquanto Cruz Vermelha, nós estamos no terreno para tratar dos sinistrados, a maioria deles com ferimentos graves.”

A porta-voz da Cruz Vermelha adiantou ainda que 13 crianças e 6 mulheres fazem parte dos mortos resultantes desse ataque.Muluka acrescentou que muitas casas foram incendiadas durante os confrontos.

“Estamos a falar de mais de 45 casas, mais de 30 feridos, a situação continua tensa e temos um grupo que veio de Nairobi dirigido pelo secretário-geral da Cruz Vermelha que acabou de chegar a Delta do Tana e os feridos estão a ser transportados para centros onde possam obter uma maior atenção.”

Este é o último episódio de violência entre os camponeses da comunidade Pokomo e os herdeiros Orma, que historicamente têm lutado pela protecção dos recursos disponíveis.

Mas a violência se intensificou este ano. Mais de 110 pessoas foram mortas em lutas entre as duas comunidades em Setembro e Outubro. Uma Comissão Judicial de Inquérito dos confrontos do Rio Tana tem ouvido provas de que a violência é politicamente motivada e deve-se a redistribuição de terra.

O ministro da defesa Yusuf Haji foi questionado pela comissão, após acusações de que estava implicado na violência. Ima acusação que entretanto desmentiu. Um membro do parlamento, Dhadho Ghodana foi detido em Setembro e acusado de incitamento a violência.

Numa altura que o Quénia prepara-se para as eleições do próximo ano em Março, a Cruz Vermelha está a chamar a atenção para o facto de os conflitos inter-étnicos deste ano poderem vir agudizar-se muitos mais em relação as eleições de 2007, em que mais de mil e cem pessoas foram mortas além de centenas de milhares de desalojados.
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