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Paul Kagame diz que há quase dois mil homens do Ruanda em Moçambique


Presidente do Ruanda, Paulo Kagame (esq) e Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi (dir), em Cabo Delgado, 24 de Setembro de 2021
Presidente do Ruanda, Paulo Kagame (esq) e Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi (dir), em Cabo Delgado, 24 de Setembro de 2021

Presidente do Ruanda reitera não ter recebido qualquer ajuda financeira externa para a operação em Cabo Delgado

O Presidente do Ruanda revelou que o seu Governo tem um contingente de quase dois mil homens, entre membros da Polícia Nacional do Ruanda (RNP) e da Força de Defesa do Ruanda (RDF), em Moçambique na luta contra grupos terroristas na província de Cabo Delgado.

Paulo Kagame fez esta revelação na terça-feira, 12, ao participar virtualmente no Fórum de Segurança Global 2021, em Doha, capital do Catar.

Numa conversa mantida com o jornalista Steve Clemons, que trabalha para a agência americana de notícias The Hill, Kagame reiterou que o seu Governo respondeu de forma rápida ao pedido feito pelo Governo de Moçambique, que também foi endereçado a outros.

“O Governo de Moçambique convidou-nos e muitos outros, eles convidaram os países da SADC, a região sul e os vizinhos de Moçambique para irem ajudar. Ruanda foi lá alegando que era bilateral e um convite de um país amigo que queria essa ajuda com urgência. Então, nós respondemos. Na verdade, desdobramos mais de mil soldados, temos cerca de 2000, efectivos militares e policias também ”, afirmou Kagame, que se congratulou com o facto de a rápida intervenção "ter ajudado a reduzir" a ameaça terrorista.

O Presidente ruandês reiterou que “não recebemos nenhum financiamento externo” e que o “Governo de Ruanda trabalha com Moçambique, nós dois encontramos recursos para implantar e apoiar essas operações”.

Kagame sublinhou que as relações bilaterais entre países empenhados em lidar com os problemas em África devem ser feitas de forma mais rápida e eficaz.

“Se tivéssemos, por exemplo, que esperar até que os planos fossem colocados em prática, a mobilização estivesse concluída, usando o formato usual, provavelmente ainda estaríamos à espera e não teríamos certeza de quando começaríamos”, defendeu Kagame, adiantando que Kigali e Maputo estão a trabalhar paraidentificar a causa raiz do problema e o que precisa ser corrigido”.

Ele sublinhou que as tropas do seu país não deverão estar no terreno para sempre, “mas sim trabalhar com o país para lidar com o problema enquanto o apoio for necessário e para fazer com que o país possa defender-se sozinho”.

Na sua intervenção, o Chefe de Estado do Ruanda citou os esforços na região do Sahel para conter os grupos armados que, no entanto, não resultaram ainda.

“A questão não é lançar a culpa, mas, no mínimo, podemos dizer que algo está muito errado em termos de como as ameaças à segurança transfronteiriças são tratadas ”, defendeu Paul Kagame, quem enfatizou que “o fracasso em encontrar uma solução duradoura não é por falta de compromisso ou falta de dinheiro”.

Por causa da história do nosso país, ele concluiu que “o Ruanda está empenhado em contribuir para as operações de construção da paz e fazer a diferença onde podemos”.

O Governo de Moçambique nunca se pronunciou sobre o número exacto de tropas do Ruanda no país, que tinha sido inicialmente indica pelo Governo de Kigali como em torno de mil.

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