Links de Acesso

Juízes e desembargadores não se entendem sobre situação de Lula da Silva


Lula da Silva aguarda decisão final
Lula da Silva aguarda decisão final

Antigo Presidente brasileiro continua preso até decisão do desembargador responsável pela operação Lava Jato

A decisão do desembargador federal de serviço neste domingo, 8, no Tribunal Federal da 4a. Região, em Porto Alegre, Rogério Favreto, de ordenar a libertação do antigo Presidente brasileiro Lula da Silva abriu uma crise jurídica no país.

Entretanto, o juiz daquele tribunal, Thompson Flores, despachou que a decisão final será tomada pelo desembargador e responsável pela Lava Jato João Pedro Gebran Neto e não pelo desembargador de serviço, o que deve acontecer só amanhã.

De manhã, o desembargador federal Rogério Favreto concedeu um habeas corpus em que decidiiu libertar o antigo Presidente.

O habeas corpus foi concedido por Rogério Favreto após um pedido apresentado pelos deputados Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira, ambos do PT, partido de Lula da Silva.

Favreto escreveu que um dos factos que corroboram a necessidade de suspensão da pena é a "postulação feita pelo Partido dos Trabalhadores para o paciente participar de actos de pré-campanha e especialmente o direito à participação presencial do ex-presidente Lula na convenção nacional" do partido, no dia 28.

"Por não existir condenação criminal transitada em julgado, o paciente possui em sua integralidade todos os direitos políticos, sendo vedada a sua cassação, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de 'condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos'", afirmou o desembargador.

Moro e desembargador federal contrariam

Logo de seguida, o juiz Sérgio Moro, que condenou Lula da Silva a nove anos e um mês de prisão em primeira instância, afirmou que o desembargador de serviço não tinha competência para mandar soltar o antigo Presidente.

Em resposta, o desembargador Favreto emitiu um novo despacho, reiterando a decisão de mandar soltar Lula da Silva.

No início da tarde, o Ministério Público Federal pediu ao juiz daquele tribunal a reconsideração da decisão sobre o pedido de soltura.

Depois, foi a vez do desembargador federal João Pedro Gebran Neto, que tem sob sua alçada os processos da operação Lava Jato em segunda instância, determinar que não fosse cumprida a decisão de Favreto.

Em resposta ao relator, Rogério Favreto voltou a ordenar a soltura do ex-presidente Lula e deu à Polícia Federal uma hora para executar a ordem.

Defesa e PT

Em comunicado, o advogado de Lula da Silva, Cristiano Zanin Martin, defendeu que o juiz Sérgio Moro não poderia impedir o cumprimento da determinação de Favreto por estar de férias.

Além disso, Martin considerou incompatível a actuação de Moro e acrescenta que ele trabalha em parceria com o MPF de Curitiba.

Por fim, a defesa sustenta que o petista sofre perseguição política e reforça que usará todos os meios legais para provar que a prisão de Lula é "incompatível com o Estado de Direito".

Presidente do Supremo pede respeito

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou também em nota a Polícia Federal pelo não cumprimento da ordem de libertação dada pelo desembargador Rogério Favreto, bem como o juíz Sérgio Moro e o desembargador relator da Lava Jato por não acatarem a decisão de Favreto.

Quem também se pronunciou foi a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, que, em comunicado, afirmou que a Justiça é "impessoal" e que os ritos do Poder Judicial devem ser "respeitados".

Sem se referir ao antigo Presidente Lula da Silva, Cármen Lúcia escreveu que a democracia brasileira é "segura" e que os órgãos da justiça competentes de cada região devem "actuar para garantir que a resposta judicial seja oferecida com rapidez e sem quebra da hierarquia".

"A justiça é impessoal, sendo garantida a todos os brasileiros a segurança jurídica, direito de todos. O Poder Judicial tem ritos e recursos próprios, que devem ser respeitados. A democracia brasileira é segura e os órgãos judiciários competentes de cada região devem atuar para garantir que a resposta judicial seja oferecida com rapidez e sem quebra da hierarquia, mas com rigor absoluto no cumprimento das normas vigentes", disse a presidente do Supremo.

Lula da Silva foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso de um apartamento em São Paulo que a acusação diz ter-lhe sido dado como luvas para favorecer uma empresa.

Ele refuta a acusação.

Preso desde Abril, Lula da Silva cumpre uma pena de 12 anos e um mês de prisão.

XS
SM
MD
LG