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Jornalistas angolanos não se surpreendem com encerramento do canal privado Palanca TV


Jornalistas angolanos, Luanda
Jornalistas angolanos, Luanda

Profissionais foram transferidos para a televisão pública

Jornalistas angolanos não se mostram surpreendidos com o encerramento, há algumas semanas, do canal privado de televisão Palanca TV, depois de muitos dos seus profissionais estarem há já algum tempo ao serviço da televisão estatal angolana, TPA.

O Governo, que passou a gerir aquele canal que estava disponível para assinantes através de um provedor de serviços de satélite, ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Para o antigo jornalista freelance Severino Carlos, a Palanca TV nunca foi “um órgão muito sério” e o seu encerramento “não surpreende”.

Aquele profissional diz que nunca acreditou que a proliferação, a partir de 2010, de órgãos de comunicação social privados, detidos por dignitários do Estado, seria sinónimo de liberdade de imprensa em Angola.

“Quem olhasse com olhos de ver percebia que o objectivo era a defesa do regime e não com uma expansão com tendência para o pluralidade da comunicação. Nós víamos que havia até tendência para o surgimentos de muitos órgãos de comunicação não muito sérios”, diz Carlos.

O jornalista acrescenta que a Palanca TV tinha entrado na tendência de trazer ao mercado da comunicação social alguma trivialidade, algum "fait divers para fazer regredir os valores de expressão e liberdade”.

Avelino Miguel, antigo secretário-geral e membro fundador do Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA), manifestou-se desapontado com o facto de o Governo não ter honrado a promessa de vender os órgãos confiscados a novos entes privados ou criar uma cooperação de jornalistas financiados pelo Estado “para a garantia da população à informação e a liberdade de expressão”.

O encerramento da Palanca TV é, para Avelino Miguel, “um caminho que cria uma paisagem de termos no país apenas órgãos públicos tutelados pelo Estado”.

A Palanca TV teve como dono o antigo ministro da Comunicação Social e mais tarde director do Gabinete de Revitalização e Marketing da Administração (GRECIMA), Manuel Rabelais, que foi julgado e condenado, em 2021, a 14 anos e seis meses de prisão por fraude ,estimada em mais de 30 milhões de dólares, no quadro do combate à corrupção.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o sócio maioritário da TV Palanca entregou, em 2020, voluntariamente a estação ao Ministério Público, alegando problemas financeiros para manter o projecto e o pagamento de salários.

Deste então passou para a tutela do Ministério das Telecomunicações Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) que pretendia, inicialmente, transformar a Palanca TV num canal desportivo da televisão estatal, TPA.

Outros órgãos privados, então detidos pelos generais Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento e Hélder Vieira Dias "Kopelipa", passaram igualmente para tutela do Estado, ao abrigo da lei de Recuperação de Activos do Estado.

São os casos da TV Zimbo, da Rádio Mais e do jornal OPaís, do grupo Média Nova.

A Palanca TV começou a transmitir a 15 de Dezembro de 2015.

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