Uma em cada 10 famílias nos Estados Unidos enfrentam insegurança alimentar, uma situação que se mantém há décadas.
Na quarta-feira, 28, numa primeira conferência do tipo em 50 anos, a Casa Branca convocou especialistas para discutir como o maior fornecedor mundial de assistência alimentar internacional pode alimentar melhor os seus próprios filhos.
Pelo menos, nove milhões de crianças americanas enfrentam essa realidade, um grande desafio disse Joe Biden na abertura da Conferência Fome, Nutrição e Saúde, em Washington.
“Na semana passada, nas Nações Unidas, falei sobre os compromissos que estamos a assumir para combater a insegurança alimentar em todo o mundo. Porque em todos os países do mundo e em todos os estados deste país, não importa o que mais nos divida, se um pai não pode alimentar uma criança, não há mais nada que importe para esse pai. Se você olhar para seu filho e não puder alimentá-lo, o que mais importa?”, questionou o Presidente americano.
A fome é um fenómeno global, e os Estados Unidos dificilmente são os mais atingidos.
O mais recente Índice Global de Segurança Alimentar coloca os Estados Unidos no 13º lugar no mundo, com a Finlândia na liderança e Síria e Haiti no fim da tabela.
A conferência de Biden estabelece a meta ambiciosa de acabar com a fome e reduzir doenças relacionadas à má nutrição nos EUA até 2030.
No encontro ele anunciou um pacote de oito mil milhões de dólares em compromissos dos setores públicos e privados e revelou pretender aumentar o acesso a refeições escolares gratuitas e expandir a oferta de alimentos e benefícios governamentais referentes a crianças e famílias.
O financiamento do Congresso ao é garantido porque os republicanos geralmente preferem fundos não estatais para lidar com os males da sociedade.
Entretanto, até os activistas contra a fome, como a directora executiva da WhyHunger, uma organização não governamental mundial com sede em Nova Iorque, reconhecem que Washington não pode fazer isso sozinho.
“Direi que é uma meta muito ambiciosa acabar com a fome até 2030, porque não há muito que o Governo federal pode fazer. Tem tem que ser um esforço conjunto do Governo federal, dos governos estaduais e locais, das corporações, da filantropia e de toda a sociedade civil para fazer isso”, advogou Noreen Springstead.
E os desafios cruzam fronteiras.
A insegurança alimentar aumentou durante a pandemia e após a invasão russa da Ucrânia.
Danielle Nierenberg, que lidera a organização sem fins lucrativos chamada Food Tank, lembrou que a “pandemia e a guerra contra a Ucrânia nos mostraram que as cadeias de suprimentos globais são muito frágeis e que, se dependermos totalmente delas, corremos séros riscos”.
“Precisamos de mais investimento dos governos e do sectores privados e de cadeias de suprimentos regionais e locais”, acrescentou.
Springstead lembrou que tornar a comida mais barata é apenas parte do desafio.
“A justiça económica realmente tem que ser um pilar aqui e aumentar o salário mínimo para que seja realmente um salário digno em qualquer lugar do país, este é o desafio número um”, conclui Noreen Springstead, da WhyHunger.
Por um dia, Washington concentrou-se na fome quando se assite ao aumento disparado dos preços dos alimentos.
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