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João Lourenço condecora 450 personalidades pelo Dia da Paz, mas Jonas Savimbi não integra a lista


Presidente da Angola João Lourenço durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial da Casa Rosada, no âmbito da visita do Presidente da França Emmanuel Macron, em Luanda, a 3 de Março de 2023.
Presidente da Angola João Lourenço durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial da Casa Rosada, no âmbito da visita do Presidente da França Emmanuel Macron, em Luanda, a 3 de Março de 2023.

O Presidente angolano vai condecorar nesta terça-feira, 4, perto de 450 personalidades e instituições, por ocasião das celebrações de mais um aniversário do Dia da Paz.

As figuras a distinguir são descritas pela Presidência como estando entre as que “se destacaram no processo de conquista da Independência Nacional, da paz, democracia e reconciliação nacional”.

Entretanto, o fundador da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi , não consta da lista dos agraciados depois da condecoração, em 2005, do nacionalista e antigo presidente fundador da FNLA, Holden Roberto , com a Ordem de Independência, pelo ex-Presidente, José Eduardo dos Santos, através de um despacho presidencial.

Savimbi assinou os Acordos de Alvor com Agostinho Neto, do MPLA, em Holden Roberto, da FNLA, em 1975.

A página oficial da Presidência da República no Facebook refere que os contemplados serão condecorados com a Ordem da Paz e Concórdia, Ordem do Mérito Civil, Ordem dos Combatentes da Liberdade, Ordem do Mérito Militar, Ordem do Mérito Policial, Ordem do Mérito Civil e Ordem da Independência.

O general na reforma da UNITA Abílio Camalata Numa considera que excluir da distinção a figura de Jonas Savimbi “é o mesmo que dizer que a reconciliação para Angola fica para as pessoas que eles escolhem e não pela verdade histórica que se produziu aqui no país, há apenas a estratégia de manutenção do poder por parte do MPLA”.

Por sua vez, a activista Alexandre Simeão solicitou, em carta aberta, que a homenagem à sua mãe, Anália da Victória Pereira, a primeira mulher angolana a liderar um partido político, seja dada a Juliana Kafrique “em nome de todas as mulheres zungueiras que morreram a defender o jantar dos seus filhos, mortas por uma bala institucional e que o mesmo cumpra o dever de homenagear todas as mulheres mortas todos os dias vítimas da violência doméstica para que o Estado se comprometa a tomar conta de todos os órfãos”.

À Voz da América, Alexandra Simeão reitera os seus argumentos e, depois de questionar o critério de selecção, considera que “a intenção da sua promoção mistura vítimas com os seus carrascos, gente digna com corruptos, patriotas com traidores, pessoas intégras com bajuladores, pilares da música com músicos sem pilares, generais da trincheira com generais da secretária, gente solidária com pessoas oportunistas, defensores da liberdade com defensores da ditadura”.

Por seu lado, o general na reforma Manuel Paulo Mendes de Carvalho `Paka`, antigo dirigente do MPLA e conhecido pelas críticas que faz à governação de João Lourenço, diz que a condecoração “é um bom sinal” embora considere ter sido injustiçado.

“É sinal de que os meus amigos, inimigos, adversários, pelo menos reconhecem que eu passei por lá e que nos alicerces desta independência de Angola também estão pedras colocadas por mim”, acrescenta.

Longa lista

Entre os distinguidos, os destaques vão para, o antigo vice-presidente do MPLA, Daniel Chipenda, o escritor António Jacinto, o nacionalista Paulo Teixeira Jorge a título póstumo, e o escritor José Mateus Vieira da Graça “Luandino Vieira”.

Os políticos Abel Epalanga Chivukuvuku, Isaías Samakuva, Lucas Ngonda e Miraldina Jamba, esposa do falecido nacionalista Jaka Jamba, fazem parte da lista.

Os antigos primeiros-ministros do Governo de Transição, que resultou dos Acordos de Alvor de 1975, Johnny Eduardo Pinnock, pela FNLA, e José de Assunção Alberto NDele, pela UNITA, figuram entre as personalidades a serem condecoradas, a titulo póstumo.

Os já falecidos generais da UNITA, Gabriel Samy e Diógenes Malaquias, “Implacável” , serão condecorados com a Medalha do Mérito Militar, 1ª Classe.

Serão ainda agraciados, entre outros, o falecido jornalista Francisco Símons, a jornalista e presidente da Comissão da Carteira e Ética, Luísa Rogério, a União dos Escritores Angolanos, a Associação Tchiweka de Documentação, a Orquestra Kaposoka, e, a título póstumo, os escritores Gabriela Antunes e Ruy Duarte de Carvalho, o político Miguel Maria Nzau Puna e o antigo ministro da Defesa, Henrique Alberto Teles Carreira “Iko Carreira”.

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