O Índice de Democracia 2020 no mundo, da The Economist Intelligence Unit publicado nesta quarta-feira, 3, coloca Angola no grupo dos regimes autoritários na posição 117a. num total de 167 países.
O investigador angolano e activista dos direitos humanos, Francisco Tunga Alberto, dá razão às conclusões do estudo, que constatou uma regressão da democracia na África subsaariana.
"Angola nunca viveu uma verdadeira democracia desde a sua independência e o que houve foi apenas a troca da liderança política no partido que governa o país há mais de quatro décadas", diz Alberto.
O estudo aponta Cabo Verde como sendo o único país lusófono a ser considerado uma democracia, embora imperfeita, enquanto Angola, Moçambique e Guiné-Bissau estão classificados como regimes autoritários.
O director executivo do Instituto Angolano de Sistemas Eleitorais e Democracia (IASED), Luís Jimbo, considera tratar-se de um relatório atípico que reporta uma situação também atípica vivida num ano marcado pela pandemia da covid-19.
Para Luís Jimbo, as promessas eleitorais não cumpridas pelo Governo de Angola e a implantação de medidas excepcionais para conter a Covid-19, “foram em si uma excepção do Estado Democrático”.
O relatório precisa que "a dureza das restrições levou as pessoas a desrespeitá-las e houve protestos e motins em vários países, incluindo em alguns com uma história de participação política limitada, como Angola" onde, segundo o estudo, “ a agitação esteve também relacionada com o adiamento das eleições locais".