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Insurgentes querem impor estado islâmico em Cabo Delgado


Acusados de ataques em Cabo Delgado (Foto de Arquivo)
Acusados de ataques em Cabo Delgado (Foto de Arquivo)

O grupo de insurgents que tem atuado na província moçambicana de Cabo Delgado, localmente conhecido por al-Shabab, anunciou a pretensão de impor um estado islâmico na região.

Num vídeo posto a circular nas redes sociais, poucas horas depois do grupo autodenominado Estado Islâmico reivindicar, nos seus canais e em tempo recorde, um ataque a Muidumbe, um dos líderes dos insurgentes explica detalhadamente os objetivos do grupo.

“Nós queremos que seja respeitada a lei islâmica. Cabo Delgado nos pertence e vamos impor o Estado Islâmico, esta bem?”, avisa o líder no vídeo, várias vezes interrompido por palavras de ordem: “allah akbar”.

No vídeo, identificado como tendo sido gravado terça-feira, 7, na aldeia Ntchinga, onde os insurgentes reuniram em comício popular, que sugere uma clara mudança de estratégia do grupo, o líder que se dirige a população nas línguas kimwan e kiswahili, assegura que regressaram a Muidumbe apenas para “socializar-se” com a população.

“Aqui entramos duas vezes, e desta, como todos vocês viram, não matamos ninguém e nem destruímos nada, e vamos vos deixar em paz”, precisa, para depois ameaçar: “se vocês continuarem a colaborar com o Governo a denunciar-nos e a não seguir o islão, voltaremos uma terceira vez e vamos queimar tudo e matar todos, deixar isto vazio, está bem?”.

Na gravação, onde se ouvem choros de bebés entre a população, o líder do grupo aparece apoiado numa espingarda de assalto, e ladeado de jovens fortemente armados.

“O Governo manda militares de Maputo que não conhecem estas matas como nós, que já demostrámos a capacidade de força. Não estavam a acreditar que havíamos de conseguir entrar e ocupar Mocímboa da Praia, mas conseguimos com a força que allah nos deu”, explica pausadamente.

“Vamos continuar a perseguir os militares (governamentais) até os encontrarmos” insistiu o líder, quem exige também que seja respeitada a lei islâmica na região.

Ela ainda proíbe as pessoas de participarem nos comícios e reuniões estatais, onde se pede que o grupo seja denunciado, e ameaçou atacar as aldeias que colaborarem com as autoridades governamentais.

Os insurgentes voltaram a atacar e sitiar a sede de um distrito a norte de Cabo Delegado, Muidumbe, onde permaneceram até o inicio da noite desta quarta-feira, 8, nas aldeias de Muatide, Chitunda, Naunde, 24 de Março, Namacande, Meangalua e Ntchinga, onde foi realizado o comício.

O grupo destruiu a maior igreja local e incendiaram os balcões do Banco Comercial e de Investimentos (BCI) e o hospital Luanda, além de saque aos estabelecimentos comerciais, sem, no entanto, causar vitimas.

Em finais de Março o grupo invadiu e sitiou em dois dias seguidos as sedes dos distritos de Quissanga e Mocímboa da Praia.

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